Foi ao raiar do Domingo de Ramos, o início da Semana Santa, dia dedicado a celebrar a entrada de Jesus em Jerusalém montado em um jumentinho – símbolo da humildade -, quando o povo simples O aclamou como “Aquele que vem em nome do Senhor”, que uma operação da Polícia Federal (PF)deixou o país perplexo com o desdobramento (até aquele momento) de um crime bárbaro ocorrido há 6 anos e que vitimou a vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Torres, no Rio de Janeiro.
O crime hediondo, que causou clamor nacional e internacional, pedia e ainda pede Justiça, esse que é um tema tão importante na vida de todos e em especial em um país como o Brasil, onde a violência é um dos maiores flagelos e onde uma de suas máximas é a de que a Justiça brasileira não é socialmente equânime.
A prática da Justiça é um dos temas mais recorrentes do Cristianismo, ela permeia todo o Evangelho e está de forma eloquente em Isaias 1;17: “Aprendam a fazer o bem. Busquem a Justiça, acabem com a opressão. Lutem pelos direitos do órfão, defendam a viúva”. Aqui, a preocupação do Cristianismo com o social não é uma exceção.
A preocupação com a distribuição da Justiça de forma equânime na sociedade retorna em Provérbios 21:15: “Quando se faz Justiça, o justo se alegra mas os malfeitores se apavoram”. O que ocorre no Rio de Janeiro é a infiltração do crime organizado na estrutura do Estado. Os presos pela operação da PF no Domingo de Ramos exerciam grande influência no status do Poder público, o que torna a violência ainda mais apavorante, pois ameaça a própria democracia.
A operação em tela, mesmo realizada depois de 6 anos dos assassinatos e cujos indícios e provas dos crimes sofreram todos os tipos de omissões, sabotagens e obstruções, demonstra que existe uma organização criminosa fortíssima infiltrada nas entranhas do Poder público carioca, que tende a se metastizar para todo o país. Não é o fim das investigações, mas o ponto de partida para que elas avancem e cheguem aos núcleos poderosos que respaldam as sanguinárias milícias, as facções e as contravenções. Essa é uma questão concreta de Segurança Nacional que precisa ser encarada em sua extrema gravidade e com o necessário rigor.
Por mais grave que a situação seja, uma sociedade que se intitula cristã não deveria jamais associar-se ao culto do armamentismo da população nem poderia ser nunca parceira do crime organizado - isso é anticristão. É necessário reforçar os que, apesar de tudo, acreditam na Justiça, como está escrito em Efésios 6-14;17: “Assim mantenham-se firmes, cingindo-se com o cinto da verdade, vestindo a couraça da Justiça”. A democracia e suas Instituições são a única forma de enfrentar o crime organizado, e elas devem ter o apoio total da sociedade.