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Nº 5702
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AS PESQUISAS DE OPINIÃO .

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Por Marcos Davi Melo - médico e membro da AAL e do IHGAL | Edição do dia 27/04/2024

Matéria atualizada em 27/04/2024 às 04h00

As pesquisas de opinião se tornaram mais frequentes na década de 60 do século passado, mas foram muito utilizadas na Segunda Guerra mundial pelos dois lados. A Grã-Bretanha, bastião da resistência da democracia frente aos ataques da Alemanha nazista, utilizou o rádio através da BBC, ainda hoje uma referência internacional. Seus repórteres transmitiam muito próximos das batalhas e para envolver emocionalmente e favoravelmente a população na guerra, adotavam um tom emotivo semelhante ao usado nas transmissões das partidas de futebol.

Já a Alemanha nazista, tinha em Joseph Gobells o seu ministro da Propaganda, o controlador absoluto de qualquer informação (ou principalmente desinformação) via rádio. Ele exigia de seus repórteres total submissão aos interesses de Hitler, independente do que estivesse ocorrendo. Os radialistas que demonstrassem algum descompasso eram enviados para a Frente Leste, onde a situação era crítica. Na Rússia depois da Revolução de 1917, todos os jornais e rádios de oposição foram fechados.

O rádio era, então, o principal veículo de comunicação, e as transmissões tinham dois objetivos principais: motivar os combatentes e envolver a população no esforço de guerra.

Na última pesquisa do Ipec, 18% do eleitorado se considera de esquerda,28% de centro e 41% de direita. Sendo assim, como é possível que tenhamos um governo de esquerda? O fato é que lula é muito maior do que a esquerda nacional, goste ou não disso. A mesma pesquisa também mostra: dos que votaram nele no segundo turno em 2022, 33% se consideram de esquerda, 29% de centro e 27% de direita.

Pragmaticamente, os esquerdistas de verdade têm chances? Hoje, isso no Brasil não seria vantagem. São rótulos que omitem as variações internas e dão a ideia de fixidez em algo que é muito fluido, mas captam, sim, uma realidade: a população brasileira tende ao conservadorismo moral, à crença em Deus, à crença na responsabilidade individual (para o bem e para o mal) e ao desejo por ordem na sociedade. Tudo o que foge muito disso tem dificuldades junto à opinião pública.

Pragmaticamente e provavelmente, nos próximos anos, os debates mais importantes do Brasil devem se dar no campo da direita. O problema é que boa parte da direita mostrou se sentir à vontade com a violação das regras do jogo democrático se isso for necessário para vencer. Conseguiremos reconciliar a opinião majoritária de direita ao funcionamento da democracia liberal, das quais tantas vezes se sentiu alienada e desprezada? O ex-presidente Jair Bolsonaro foi ao ataque violento à própria democracia. Depois dele, terão que surgir alternativas que carreguem os valores da direita dentro das regras do jogo democrático. E os participantes tradicionais desse jogo, por sua vez, vão ter que aceitar e se acostumar com o fato de que a direita democrática tem o direito de existir, propor seus valores e vencer. E se o candidato for minimamente civilizado, pode recuperar os votos perdidos pelo extremismo.

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