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Maceió,
Nº 5710
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O ZEPPELIN E O MÉDICO .

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Por Marcos Davi Melo - médico e membro da AAL e do IHGAL | Edição do dia 04/05/2024

Matéria atualizada em 04/05/2024 às 04h00

A história dos gigantescos dirigíveis voadores germânicos é lembrada atualmente somente pela tragédia do Zeppelin incendiando e iluminando os céus. Mas, segundo o historiador Edberto Ticianelli, eles estiveram em atividade desde 1910, e foram utilizados na Primeira Guerra mundial, inclusive para bombardear a Inglaterra. Em decorrência disso, foram proibidos de voar durante certo tempo.

Somente em 1928 eles retornaram e fizeram voos de longa distância, sendo o mais longo o de Frankfurt para Nova Iorque, que durou 112 horas e deu fama ao dirigível LZ 127, o Graf Zeppelin, que tinha nada menos do que 212 metros de comprimento, levava 24 passageiros, tinha 36 tripulantes e 5 motores. O Zeppelin foi o primeiro aparelho voador a dar a volta ao mundo, em 1929, quando percorreu 33 mil quilômetros em 5 etapas.

Na década de 30, o Graf Zepellin fazia o circuito Berlim, Nova Iorque e Brasil, e em seu trajeto do Recife para o Rio de Janeiro passava por Maceió. Em 1937, vindo da Alemanha e dirigindo-se ao Recife, encontrou o aeródromo pernambucano inabordável em decorrência do movimento rebelde que ficou conhecido como a “Intentona Comunista”.

Repleto de correspondências e encomendas e impedido de desembarcá-las ali ,restou ao Zeppelin dirigir-se a Maceió para descarregar a carga, chegando aqui em 26 de novembro de 1935.

Ticianelli registra a festança das crianças quando das passagens dos dirigíveis Zeppelin e Hindenburg pelos céus maceioenses no trajeto entre o Recife e o Rio de Janeiro, expressadas nas antigas cantigas infantis: “Lá Lá, Lé Lé, Li Li/ Vamos pra rua/Vamos ver o Zeppelin”.

Maceió era uma cidade provinciana. Nas suas ruas circulavam poucos bondes e raríssimos automóveis Ford. Mas a província era um centro nacional da literatur. Aqui estavam estabelecidos Graciliano Ramos, Jorge de Lima,a cearense Raquel de Queiroz, o paraibano José Lins do Rego, e Mário de Andrade passou algum tempo aqui. Maceió iluminava os céus com o melhor da literatura brasileira.

A saga dos dirigíveis germânicos foi encerrada tragicamente no entardecer do dia 6 de maio de 1937, quando o Zeppelin incendiou, deixando várias vítimas fatais, nas cercanias de Nova Iorque. Enquanto durava o fogo da tragédia, nascia em Maceió uma criança que viria a se formar em Medicina e a se especializar em pediatria, cuidando iluminadamente de um exército de crianças e de seus angustiados genitores.

Era o Milton Hênio Neto de Gouveia, que neste 06 de maio de 2024, completa 87 anos, uma saga dedicada às crianças, restaurando-lhes a saúde e a alegria, mas também servindo à literatura, como escritor, poeta e articulista sênior da Gazeta de Alagoas, e participante do jornalismo da TV Gazeta de Alagoas, orientava pais e familiares só vivo sobre como cuidar das crianças e prevenir as incontáveis doenças infantis. Milton Hênio está lúcido, firme e forte para alegria geral.

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