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Maceió,
Nº 5759
Veludosas vozes

ARIVALDO MAIA, SABINO ROMARIZ E REINALDO CAVALCANTE SE ENCONTRAM

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Por Oswaldo Epifânio (Pife) - professor | Edição do dia 14/05/2024

Matéria atualizada em 14/05/2024 às 04h00

Arivaldo Maia: a bola correu e o tempo parou. Partiu sem nossa autorização a terceira pessoa da santíssima trindade da narração esportiva do rádio alagoano: o Arivaldo Maia. Junta-se, novamente, ao Sabino Romariz e ao Reinaldo Cavalcante.

Eles estabeleceram uma união perfeita para os nossos ouvidos nas tardes de domingo. O eco de suas vozes operava a divina imaginação do futebol jogado dentro de uma caixinha de pilha. E isso nos deixava paralisados com o coração acelerado, aos trancos.

Era o percurso do princípio e do fim na sagrada comunhão com a fluência verbal e a maldade. Sim, eles não tinham complacência com nossas almas de torcedores. Ficávamos atônitos, com a garganta pesada, com os olhos tontos e com os segundos maldosos à espera do gol. Às vezes, ele não vinha, mas já tínhamos morrido de emoção, quase jogando o radinho na Lagoa Mundaú.

Quando a bola jogada pelos pés do terrível adversário destruidor de sonhos sacudia as redes, ou quando o chute santo de um deus alterava o placar, mesmo assim, a santíssima trindade nos enchia de beleza, de choros e de pulos. E nossa alma levantava o corpo sobre o Trapichão ou nos fazia sentar sobre o batente duro da arquibancada em torrentes lágrimas de melancolia. Apertávamos o aparelhinho nos ouvidos como quem abraçasse o Rei, o Sabino e o Ari.

Eles eram a nossa santíssima trindade porque pertenciam à mesma substância: eram brincantes da imaginação. Até mesmo com os olhos no campo, numa tarde ardente, no apertado espaço dividido entre uma gente que cantava e a arena gramada, a santíssima trindade conseguia nos colocar na fantasia. – Ora, estávamos vendo tudo naquele campo e o Rei, o Sabino e o Ari, mesmo assim, nos maltratavam com o devaneio.

“Quando o sinal do tempo marcava” (Rei).

“Abra mão e conte comigo” (Sabino).

“A bola corre com o tempo” (Ari).

Nossos ouvidos nunca mais serão os mesmos.

Certamente, não serão os mesmos, Pife. Mas, com absoluta certeza, os três estão no Céu dando belas e gostosas risadas, contando histórias que não foram contadas por aqui e deixando todo mundo maluco com o grito de gol que cada um tinha de muito pessoal e especial.

A coluna dessa semana faz essa homenagem a Arivaldo Maia, de quem gostava como um irmão; e por extensão, a Sabino Romariz, meu compadre querido; e a Reinaldo Cavalcante, que tinha como um Pai muito querido, que aconselhava, mas dava broncas também. ARIVALDO, SABINO E REINALDO, PRESENTES.

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