Maceió,
Nº 2
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ELE CHOROU... .

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Por Alberto Rostand Lanverly - amigo de Milton Henio Neto de Gouveia e presidente da Academia Alagoana de Letras | Edição do dia 15/05/2024

Matéria atualizada em 15/05/2024 às 04h00

Outro dia, ao participar de café da manhã em um restaurante da cidade onde celebrava-se o aniversário de Milton Hênio, amigo que herdei de meus pais e avós, jamais imaginei que estaria a vivenciar experiência reconfortante durante o evento.

Tudo começou quando, em sua fala, o homenageado chorou ao relembrar palavras de um de seus milhares de pacientes, que lhe contou ter optado pela graduação em medicina desde quando aos cinco anos de idade fora por ele atendido, e que desde aquela época, o hoje médico, já trazendo fios prateados na cabeça, nunca esquecendo gestos de seu eterno pediatra, teve a certeza ser o carinho a linguagem universal do coração, capaz de transcender barreiras e conectar almas.

Em momento seguinte, o aniversariante novamente deixou lagrimas escaparem-lhe dos olhos, ao ouvir de outro convidado que sua bondade explícita parecia suplantar a própria anatomia, e, portanto, seu corpo não podia ser igual aos dos demais humanos, formados por inúmeros órgãos vitais, mas sim por um único e gênero coração.

Naquele momento, relembrei que certa vez, aos treze anos de idade, sendo goleiro do time de futebol do colégio onde estudava, falhei feio em duas oportunidades e, ciente da minha responsabilidade, chorei publicamente pela primeira vez em minha vida, fato nunca repetido nem mesmo na perda dos meus pais.

Hoje, maduro, tendo a família como esteio, entendo que chorar de forma justa é mostrar força e capacidade de enfrentar desafios com resiliência e determinação. Por essas razões entendi a forte emoção externada por Milton Hênio, como reflexo da alegria do dever cumprido, testemunho poderoso do valor de uma vida bem vivida, e das conexões significativas construídas ao longo do caminho.

Sendo eu, explicitamente avesso a elogios fáceis e desnecessários, vejo o amigo Milton Hênio Neto de Gouveia, ao celebrar seus oitenta e sete anos, como criatura possuidora do dom de irradiar bondade e empatia. Com gestos simples, palavras gentis, ele sabe conquistar semelhantes, construindo laços duradouros e, por tais motivos, criando ambiente acolhedor em seu entorno, sendo, portanto, verdadeiro artesão do afeto.

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