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Maceió,
Nº 5846
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MARACATU DE FESTA E DE LUTA .

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Por Hélton Santos é psicólogo e coordenador do Maracatu Baque Alagoano | Edição do dia 21/11/2024

Matéria atualizada em 21/11/2024 às 04h00

Não faz muito tempo que a luta das pessoas negras por igualdade de direitos e reconhecimento social de suas identidades culturais ganhou uma data oficial para celebrar. Ainda que os movimentos sociais e políticos afro-brasileiros já celebrassem Zumbi como símbolo de luta e Palmares como símbolo de resistência desde os anos de 1970, foi somente em 2011 que se instituiu o Dia Nacional da Consciência Negra (lei n° 12.519, de 10 de novembro de 2011) como parte de um conjunto de ações afirmativas e políticas públicas voltadas para a população negra do Brasil. Também fruto dessas lutas, o ano de 2024 traz duas novas conquistas para celebrar: a lei n° 14.759/2023, que institui o dia 20 de novembro como feriado nacional em comemoração ao Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, e a lei n° 7.133/2017, sancionada no último dia 13 de novembro, que institui e celebra o dia 1º de agosto como Dia Nacional do Maracatu.

O maracatu tem sido uma das estratégias singulares e criativas de enfrentamento, preservação e transmissão de tradições e saberes da cultura e religiosidade afro-brasileira desde o período colonial. Em Alagoas, após sua emancipação política de Pernambuco em 1817, as mudanças na dinâmica social que visavam favorecer a modernização de seu comércio deram início a um processo de periferização violenta dos negros, que culminou com o episódio posteriormente conhecido como Quebra de Xangô de 1912.

Mesmo assim, o povo negro não cedeu à luta e grandes nomes devem ser reverenciados como exemplo de força e resistência, como os mestres Celestino, Dão, Belarmino, Benedito, Manuca, Geraldo, que souberam conduzir seus maracatus e suas atividades religiosas em meio àquela nova configuração hostil.

Atualmente, a tradição dos maracatus nos carnavais alagoanos e no cenário cultural de modo geral tem sido retomada pelos grupos percussivos que, mesmo sem vínculo direto com as casas de axé – com exceção do Maracatu Nação Acorte de Alagoas, dirigido pelo Doté Elias –, fomentam a reinserção desse ritmo nos espaços públicos e comunitários como forma de festejar uma tradição que também é nossa e de lutar por uma memória pouco lembrada.

O Maracatu Baque Alagoano, sendo o mais velho dessa retomada e ainda em atividade, tem buscado suscitar a valorização do maracatu em Alagoas desde sua fundação em 2007.

Acompanham nessa jornada os grupos percussivos Coletivo AfroCaeté, Maracatod@s, Maracatu Yá Dandara, Maracatu Raízes da Tradição, Maracatu Ganga Zumba, Maracatu Axé Zumbi, Baque Novaurora, Baque Mulher de Maceió e outras tantas iniciativas emergentes nos últimos anos.

Assim, a celebração do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra deste ano já antecipa as comemorações do 1º de agosto e o reconhecimento formal do maracatu e seu papel histórico e cultural. É uma data que traz consigo a alegria de também comemorar nosso maracatu alagoano que é de festa e de luta.

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