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Corrupção eleitoral

PF PEDE BUSCA E APREENSÃO NO GABINETE E NA CASA DE RENAN FILHO

Inquérito aponta que campanha eleitoral de 2014 do governador utilizou propina investigada pela Operação Lava Jato

Por Da Redação | Edição do dia 16/11/2019

Matéria atualizada em 14/04/2020 às 20h33

                                                     Por Da Redação | Edição do dia 16/11/2019

                                                   Matéria atualizada em14/11/2019 às 23h02

As provas e depoimentos coletados na investigação que apura o recebimento de propina na campanha do governo Renan Filho (MDB), em 2014, levaram o delegado da Polícia Federal, Bernardo Guidali, a solicitar ao relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, busca e apreensão na sede do governo de Alagoas, no Centro de Maceió, e na casa do governador, no bairro de Ponta Verde, área nobre da capital. A medida policial teria por objetivo corroborar com as provas que já estão juntadas na Ação Penal 4427. Segundo o delegado da PF, a ação solicitada nos locais de trabalho dos investigados, inclusive nos gabinetes de autoridades, faz-se necessária uma vez que os envolvidos podem guardar consigo documentos e objetos relacionados às práticas criminosas. A investigação aponta que o assessor, José Aparecido Alvez Diniz, o motorista, Ricardo José Gomes da Rocha, e o marqueteiro de Renan Filho, Adriano Gehres, atuaram conjuntamente para o fluxo da propina da Lava Jato, utilizando-a na campanha ao governo de Alagoas. “As buscas foram requeridas porque são consideradas necessárias para obter provas que possam esclarecer os fatos investigados, corroborando ou não o relato dos colaboradores no contexto do processo de validação das delações premiadas dos executivos do Grupo J & F”, explicou o delegado a Fachin que, diante do que lhe foi apresentado, autorizou que o governador Renan Filho preste depoimento no inquérito policial. Renan Filho foi intimado no último dia 5 por uma equipe da Polícia Federal em seu apartamento, em Maceió.

“De fato, as práticas criminosas em apuração estão diretamente ligadas à atuação das autoridades públicas investigadas, existindo, portanto, uma “causa provável” de que, em seus gabinetes, possam ser localizados manuscritos, planilhas eletrônicas, mensagens eletrônicas, além de diversos outros documentos diretamente relacionados aos motivos pelo qual se justificam as buscas nos gabinetes das autoridades indicadas”, reforçou o delegado. Renan Filho foi procurado para se manifestar sobre as ações pedidas pela Polícia Federal, mas não se manifestou.

PROPINA NO HOTEL

O inquérito que investiga o complexo esquema de corrupção e pagamento de propina, envolvendo Renan Filho como um dos beneficiários direto do esquema da Lava Jato, confirmou que Ricardo Rocha, assessor especial e, há anos, homem de confiança do governador, foi intermediário de parte dos R$ 3 milhões que abasteceram a campanha eleitoral no estado de Alagoas, em 2014. Ricardo, que atuou como motorista de Renan no pleito, teria recebido a propina em Maceió e, também, na cidade do Recife. As informações foram obtidas pela Polícia Federal em depoimento de Durval Rodrigues da Costa, tomado em Brasília (DF), em 21 de maio. No depoimento, Durval apontou - em fotos apresentadas pelos investigadores - os rostos de homens de confiança de Renan com quem teria feito contato para operacionalizar tais repasses. O depoente, que foi assessor do governo de Minas e do ex-deputado federal Aracely de Paula (PR-MG), afirma ser amigo, há duas décadas, do delator Ricardo Saud, executivo do grupo J&F.

MOTORISTA

Inicialmente, Durval apontou Ricardo Santa Ritta como sendo um dos responsáveis por receber o dinheiro, mas, após novo depoimento, o depoente fez um novo reconhecimento e apontou o motorista de Renan Filho como sendo o responsável por coletar o dinheiro no hotel localizado na capital. Provas como comprovantes de passagens e pagamento de hospedagens reforçam a versão apresentada pelo declarante no inquérito. Ricardo José Gomes da Rocha recebe salário de R$ 5.676,80 como assessor especial do governador, conforme Portal da Transparência.

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