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MOTORISTAS COBRAM OPERAÇÃO TAPA-BURACOS ANTES DE DUPLICAÇÃO

Trecho da rodovia AL-220 entre os municípios de Arapiraca e Delmiro Gouveia está cheio de crateras

Por arnaldo ferreira | Edição do dia 16/11/2019

Matéria atualizada em 16/11/2019 às 06h00

Os prefeitos, empresários, agricultores, pecuaristas e motoristas do sertão ficaram surpresos com o investimento milionário no trecho de pouco movimento para justificar a duplicação, entre Arapiraca e Delmiro Gouveia. A maioria, porém, apoia o projeto. Mas cobra execuções de obras emergenciais, como operação tapa buracos, na conhecida “estrada da morte” por conta dos acidentes graves e prejuízos mecânicos que a rodovia sem manutenção causa. As pessoas que moram ao longo da AL-220, entre Arapiraca e Delmiro Gouveia, também estranharam o projeto prometido pelo governo. Ao saberem que seriam gastos mais de R$ 260 milhões, acharam que era “pegadinha” da equipe de reportagem. Até o trabalhador rural desempregado Danilo da Silva Fernandes, conhecido como “homem tatu”, que passa o dia improvisando tapa buracos com uma pá para ganhar alguns trocados, estranhou. “Vão duplicar mesmo? Mas como, se não tem movimento para isso aqui?”. Ele acha que é preciso tapar os buracos grandes da estrada, antes de qualquer coisa. O motorista Damião Nunes, conhecido em São José da Tapera como “Tarraqueta do Boi” disse que antes do governo duplicar a rodovia que não tem movimento, precisa fazer a manutenção. “Olha a bagaceira da estrada. É buraco que não acaba mais. Os carros de quem precisa passar por aqui estão com problemas sérios de suspensão, sem contar os prejuízos com pneus”. Segundo Damião, os acidentes se multiplicam. No último final de semana, teve dois acidentes graves perto do povoado de Piau, no município de Piranhas, por causa dos buracos. “Por que querem duplicar este trecho da AL 220? Qual o movimento que tem aqui para isso? O que a estrada precisa é recuperação, como fizeram na BR-316, entre Atalaia e Carié. Parece um tapete, sem duplicação”, avaliou o fazendeiro. O motorista Elisano dos Anjos da Silva, que mora em Piranhas, contou que na semana passada a mulher dele quase morre e perde o filho. “Minha esposa estava em trabalho de parto. Um dos buracos do povoado Caboclo, em São José da Tapera, cortou o pneu do meu carro. Quando cheguei na maternidade minha esposa estava quase morta. Foi direto para a sala de cirurgia. A criança nasceu. Os dois estão bem. Mas o susto foi grande”, lembra. Ao saber que o governo quer duplicar aquele trecho da rodovia, condenou. “Esta é uma obra demorada. O que precisa é tapar os buracos antes que uma tragédia aconteça por aqui”, avisou ele.

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/Entre as obras de maior gasto, no primeiro bloco, está a duplicação da rodovia AL-220, entre Arapiraca, no Agreste, a Delmiro Gouveia, no Sertão, um trajeto de aproximadamente 168 km, orçado em R$ 262 milhões, conforme o projeto enviado por Renan Filho à ALE
/Desempregado, Danilo Fernandes, o “homem tatu”, passa o dia tapando buracos com pá

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