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Nº 5694
Política

DOCUMENTO ESCANCARA FARSA DE MARCA DO GOVERNO RENAN FILHO

Enviado a secretarias, ele passa a ideia de que logomarca plagiada foi ‘inspirada no povo alagoano’

Por Marcelo Amorim | Edição do dia 25/01/2020

Matéria atualizada em 25/01/2020 às 06h00

Documento encaminhado às secretarias é uma espécie de manual para o uso da marca
Documento encaminhado às secretarias é uma espécie de manual para o uso da marca | Divulgação

“O laranja representa o calor do sol e o calor humano tão presentes aqui. O verde e o azul são a natureza vibrante e exuberante. O rosa, a força da mulher alagoana num momento tão emblemático no país e no mundo. As ‘gotas’ em volta no nosso símbolo trazem a sensação da água, formando assim um ecossistema, uma síntese visual desse estado cada vez mais moderno, jovem e pronto para se adaptar às mudanças do cotidiano”.

Esse texto, que soa poético e bem representativo do que “seria” Alagoas, faz parte do significado do ícone da nova marca do Estado na segunda gestão do governo Renan Filho (MDB). Mas tudo se trata de plágio. A logomarca é uma cópia idêntica a logo do parque aquático Thermas Hot World, localizado no município de Águas de Lindoia, em São Paulo, conforme revelou a Gazeta em publicação na edição do último final de semana. Documento enviado a secretarias do governo revelam a farsa que se tornou a criação do produto.

A peça, que supostamente teria sido idealizada com aprovação do marqueteiro do governador, Adriano Gheres, está registrada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) desde 29 de março de 2018, em nome do parque aquático paulista, antes mesmo do fim do primeiro mandato do atual governador. A cópia da gestão Renan Filho demonstra claramente que o Estado foi enganado, assim como o povo alagoano, responsável pelo pagamento das cotas de publicidade do governo, que, ano passado, foram de R$ 19,35 milhões com serviços de comunicação com agências de publicidade, conforme consta no Portal da Transparência.

Em roda de conversa, conta participante do encontro, o marqueteiro teria dito que traria um pessoal conceituado de fora de Alagoas para a criação do produto, por considerar que, no estado, poucos teriam essa capacidade de produzir uma marca para o Estado. Como resultado, apresentaram uma cópia.

“Essas cores juntas mostram a força de um povo, homens e mulheres que lutam unidos por um estado melhor, de outro lado a entrega na forma de governar que traz a pluralidade de quem olha por todos e todas”, prossegue o texto de defesa da marca, constante no manual distribuído para as secretarias e órgãos do Estado.

Trata-se de uma enganação, diante da constatação de que a logo pertence a outra empresa e foi criada, inclusive, por um artista russo Roma Kaer, que criou um alfabeto estilizado e colorido, no qual a letra V é justamente a mesma logomarca. Ele comercializa os produtos por meio de página no Instagram e, em resposta à Gazeta, informou que o assunto teria que ser abordado com Bruno Iastori Mantovani, um designer brasileiro, famoso, e que, coincidentemente, tem a mesma referência da agência indicada pelo parque aquático como responsável pela criação da logo para a Hot World, a Bruno Mantovani AG.

A comunicação do parque de lazer paulista já havia informado também que “a priori entraremos em contato, para solicitar que retirem a logo, pois trata-se de uma identidade, assim como não pode existir dois RGs (Registro Geral de pessoa física), não pode existir duas logomarcas”.

O plágio da logomarca utilizado pela atual gestão estadual veio à tona há três semanas, ocasião em que a Gazeta acionou o marqueteiro Adriano Gheres e o secretário estadual de Comunicação, Ênio Lins, mas até agora os dois têm mantido silêncio sobre a questão.

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