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Nº 5693
Política

REITOR DIZ QUE UFAL TEM DÍVIDA DE R$ 10 MI

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Por Marcos Rodrigues | Edição do dia 20/02/2020

Matéria atualizada em 20/02/2020 às 06h00

Segundo Tonholo, um dos desafios é manter a universidade como referência na formação
Segundo Tonholo, um dos desafios é manter a universidade como referência na formação | Renner Boldrino

O novo reitor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Josealdo Tonholo, em sua primeira entrevista após a posse, destacou que, com uma dívida herdada de R$ 10 milhões e um orçamento anual de aproximadamente R$ 800 milhões, um dos desafios da gestão será a estrutura do campus de Maceió. A entrevista foi realizada pelo radialista Rogério Costa, na Gazeta FM 97.3, na manhã de ontem. Durante o encontro, Tonholo destacou a importância que a universidade tem para o Estado e o objetivo de ampliar a Educação à Distância (Ead). “Temos o 3º e o 5° maior do Estado, só ficando atrás da prefeitura de Maceió. Somos um celeiro de formação de bons quadros com 102 cursos de graduação e 24 mil estudantes espalhados em oito cidades. A Ufal não é só um instrumento para formar gente qualificada, mas de transformação social”. Segundo explicou Tonholo, um dos desafios é manter a Ufal como referência na formação e, com isso, contribuir com o desenvolvimento de Alagoas. O reitor citou o impacto social e econômico que a presença dos campi trouxe para as cidades do interior alagoano. Para o reitor, o cenário poderia ser ainda mais impactante se somente alagoanos tivessem acesso as suas vagas. Ele lembrou que existem questionamentos quanto ao que é feito com o Sisu, que acabou dando origem a uma espécie de “canibalismo das vagas locais”, em que os cursos ditos “nobres, como direito e medicina”, acabam sendo suscetíveis ao “ataque dos estudantes mais preparados do resto país”. Entretanto, segundo Tonholo a universidade vem trabalhando para “blindar” essa situação. Como exemplo citou o curso de medicina de Arapiraca que costuma ter muita procura. “É um curso extremamente concorrido e há um bônus para os estudantes da região. Isso é para garantir que tenhamos um mínimo de ocupação de estudantes daqui. Mas, ao mesmo tempo, se estamos recebendo muitos estudantes de fora é porque lá as pessoas acreditam também no que oferecemos aqui”, observou Tonholo. Sobre a concorrência com alunos de fora do Estado, com maior poder aquisitivo e os quais as famílias fazem investimentos para mantê-los em cursos em Alagoas, ele explicou que o problema também vem sendo discutido com reitores de outras universidades nordestinas. “Essa conversa está sendo feita em nível federal, no caso da Câmara Federal, para uma possível mudança na legislação, por parte da Andifes”, completa.

MEC

Sobre a relação com o ministro da Educação Abrahan Weintraub, o reitor disse que não tem proximidade, mas sim uma relação profissional e a última vez que estiveram juntos foi durante sua posse institucional, em Brasília (DF). “Prefiro dizer como o MEC ver Alagoas e não dá para dissociar do Instituto Federal de Alagoas. O MEC tem apoiado o Estado quando investe tanto em um como no outro. Se somarmos os orçamentos Ufal, Ifal e Hospital Universitário representam um investimento muito forte. O nosso orçamento anual é de aproximadamente R$ 800 milhões e do HU R$ 220 milhões, mais aproximadamente R$ 400 milhões para o Ifal o que somado dá quase o orçamento de Maceió”, revelou Tonholo. De acordo com o reitor, isso é um repasse que independe de governo e, consequentemente, de questões ideológicas ou de preferências, mas que faz parte de uma política nacional de redução das desigualdades dos estados. Conforme explicou, isso é parte do esforço do governo e se torna necessário para ajudar a tirar Alagoas “do estado de penúria em que vive”. “Tenho 27 anos de Ufal. Sempre ouvi que iria faltar dinheiro e que o ano não iria acabar. O discurso catastrófico faz parte dos gestores em várias áreas. Nós temos que tomar o cuidado de tanger a questão orçamentária, mas temos que fazer bem feito o dever de casa. Se não fizermos o governo quebra e a instituição quebra”, diz. Sobre a interiorização, ele disse que o que já foi feito, com a presença em oito municípios é algo importante, mas que ainda não atende a necessidade do restante do Estado. E que, naturalmente, o processo de expansão será algo a ser trabalhado. “Mas isso depende de uma política nacional para as universidades. Mas, tem dever de casa que precisa ser feito para poder levar a universidade para os rincões do Estado, por exemplo, por meio da tecnologia (Educação a Distância). As novas tecnologias de educação estão aí para serem utilizadas. Então não temos que estar presencialmente para oferecer educação de qualidade. E nossa gestão veio para isso: para botar para funcionar e aumentar o acesso”, defendeu Tonholo.

ARAPIRACA

Indagado sobre a possibilidade da construção de um Hospital Universitário em Arapiraca, que teria sido revelado em entrevista à Gazeta, Tonholo falou que não há uma perspectiva real no momento. Mas, que ainda assim, a Ufal deve ampliar a assistência ao município. “Hospital ainda não é real, mas o avanço na assistência da Ufal para o município vai ocorrer. Há oito anos iniciamos uma discussão muito séria para a implantação de um segundo curso de medicina da Ufal e, hoje, é uma realidade em Arapiraca. É um curso muito bom e muito bem recomendado. Agora vamos para a segunda etapa, que é estabelecer um sistema de interação do município e cercania por meio de obras com clínicas para o atendimento dos estudantes como atividade experimental de alta complexidade” disse Tonholo. O trabalho para que isso se torne realidade já vinha sendo conduzido pela professora Eliane Cavalcante, atual vice-reitora, que continua o trabalho junto a bancada federal para garantir a viabilização das clínicas. Para isso, por exemplo, foi garantido por meio de ação política do deputado federal Severino Pessoa (Republicanos) R$ 20 milhões por meio de emendas para garantir as construções entre 2020/2021.

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