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Política

FAMÍLIAS SEGUEM SEM ASSISTÊNCIA DO PROGRAMA DO LEITE NO ESTADO

Idosos carentes estão sem receber o produto há pelo menos 15 dias, segundo revela associação

Por Marcelo Amorim | Edição do dia 04/04/2020

Matéria atualizada em 04/04/2020 às 06h00

Programa do Leite tem por objetivo atender a população mais humilde do interior, mas apresenta falhas sérias
Programa do Leite tem por objetivo atender a população mais humilde do interior, mas apresenta falhas sérias | Nealdo

Em meio a pandemia do coronavírus, enquanto estados como São Paulo anunciam ampliação, idosos de Alagoas que dependem do Programa do Leite permanecem sem receber o produto, fornecido pelo governo estadual, há pelo menos 15 dias. Entidades assistenciais que distribuíam o alimento agora se veem sem respostas para as pessoas cadastradas. Em todo o estado são aproximadamente 80 mil famílias inseridas no programa, que desde o último dia 31 teria que ser renovado junto ao governo federal – a ação é realizada em parceria entre Estado e União. O cancelamento da distribuição do leite ocorreu em decorrência da falta de pagamento aos fornecedores ligados às cooperativas CPLA, Pindorama e Copaz. Este ano, o governo não havia realizado nenhum pagamento. Entre produtores, a informação é de que houve o pagamento de pouco mais de um mês, referentes a parcelas em atraso por problemas ocorridos desde 2019. O Programa do Leite era mantido em Alagoas desde 2002 e, na atual gestão estadual, já passou por vários problemas de continuidade. Em São Paulo, o governador João Dória (PSDB) comunicou a ampliação do programa semelhante no estado, o Viva Leite, com a entrega gratuita pelos próximos seis meses para mais 21 mil idosos residentes de abrigos e residenciais socioassistenciais. A suplementação proteica visa fortalecer essa população em reforço ao combate à Covid-19.

Em Alagoas, além da incerteza, beneficiários do programa se veem de mãos atadas e sem saber o que fazer, principalmente em meio a pandemia da Covid-19, utilizada até mesmo como justificativa para a apresentação de uma solução. Produtores ligados às cooperativas fornecedoras já haviam antecipado à Gazeta que seria o governo Renan Filho renovar o contrato emergencial e pagar os meses de janeiro e fevereiro, referentes a 2019, que estavam em atraso. “A gente está de mãos atadas. Se aproveitam da situação do coronavírus para nos deixarem sem informação e sem o produto. O que vamos falar para o povo que está todo dia na nossa porta?”, questionou Maria Pau Ferro, presidente da Associação Beneficente Santa Lúcia, entidade que assiste 100 famílias que deixaram de receber o leite. Ela declarou ainda que a intenção seria mobilizar a comunidade para protestar na porta do “Palácio do Governo”, mas que o isolamento social, determinado pelo governo, não tornava favorável ao ato. A Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri) havia informado, ainda na semana passada, que buscava por solução para o problema junto a bancada alagoana no Congresso Nacional e ressaltava que o próprio governo federal não havia destinado os recursos suficientes para a manutenção do programa no estado. Até a quinta-feira passada, entretanto, a pasta não havia tornado público nenhum comunicado ou manifestação sobre o atual quadro. O Programa do Leite é executado em parceria com o governo federal, responsável por 80% dos recursos e o governo do Estado, que entra com 20% do valor.

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