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Política

SINDICATOS REAGEM A CONGELAMENTO SALARIAL DE SERVIDORES ESTADUAIS

Entidades lamentam posição do governador Renan Filho, que defende proposta de Jair Bolsonaro

Por Marcos Rodrigues | Edição do dia 23/05/2020

Matéria atualizada em 23/05/2020 às 06h00

Presidente do Sinteal, Maria Consuelo diz que, mais uma vez, são os trabalhadores que pagam a conta pela decisão
Presidente do Sinteal, Maria Consuelo diz que, mais uma vez, são os trabalhadores que pagam a conta pela decisão | Ailton Cruz

O acordo entre governadores e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para congelar salários de servidores públicos repercutiu negativamente entre a categoria, em Alagoas. Para os trabalhadores, não foi surpresa o governador Renan Filho (MDB) apoiar a medida, com a desculpa de que era para garantir a unidade entre os governadores. Isto porque, nos últimos anos, os servidores já sentem na pele o arrocho do Executivo em sua renda. Segundo Izac Jacson, da Central Única dos Trabalhadores (CUT), somando-se todas as perdas já existentes, mais o último desconto da alíquota previdenciária que saltou de 11% para 14%, e que também afeta inativos e pensionistas, neste momento o aposentado alagoano ganha menos que na gestão do ex-governador Teotonio Vilela Filho (PSDB). “Mais uma vez os trabalhadores pagam a conta. O do setor privado já vem pagando o preço, com a reforma trabalhista, e os servidores públicos com a reforma da previdência. Em Alagoas, a situação é mais grave. Os aposentados foram taxados em 14% na aposentadoria independente de sua renda, os ativos tiveram aumento de alíquota, passou de 11% para 14%”, disse o diretor e ex-presidente da entidade.

Segundo Izac Jacson, por conta das características econômicas do Estado, que está entre os mais pobres da federação, quem movimenta a economia é o consumo da classe média, em especial os servidores. Mas isso já vem sofrendo queda ao longo dos últimos anos, com a perda da renda dos servidores da ativa.

“ A política de salários do governo Renan Filho, e abonada pelo secretário estadual da Fazenda, George Santoro, é tão cruel como a política do [Jair] Bolsonaro e do [Paulo] Guedes. Em Alagoas, reajuste zero é regra. Agora é sustentada em argumentos de quebra de receitas em momento de calamidade publica”, acrescentou Izac Jacson.

Ele lembrou ainda que a falta de ganho real foi achatando os salários, juntamente com o descumprimento da lei, uma vez que há pelo menos quatro anos não ocorre reposição inflacionária para a maioria das categorias. Com isso, o congelamento só vem ratificar o que já estava em curso contra os servidores.

SINTEAL

Para os professores isso é ainda mais evidente, já que além de não conseguirem garantir as progressões de carreira, também têm sentido no bolso a ausência das correções. Nem o rateio do Fundeb, sempre feito no início do ano, representa mais qualquer vantagem, pois vem cercado de descontos. Segundo a presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Alagoas (Sinteal), Maria Consuelo, o socorro ao Estado é importante, porém, seu formato manteve a máxima conhecida: “os servidores é quem paga a conta”. Nos últimos anos o servidor “tem sido a bola da vez”, desabafou Consuelo.

“Isso é mais um desrespeito com os trabalhadores que estão na ponta fazendo o seu trabalho, considerando que, enquanto política pública, a educação, juntamente com segurança e saúde, estão na linha de frente. Já não basta ficarmos nos últimos anos sem nenhum tipo de acréscimo salarial, tanto no município como na rede estadual, agora é imposto esse congelamento”, descreveu Consuelo.

Ela avalia que a perda de renda e desvalorização das atividades irá culminar com uma situação de “extrema pobreza”. Como exemplo lembra que a proposta afeta trabalhadores que já estão com vencimentos defasados, mas que consegue ser ainda mais cruel os aposentados, já que também estão pagando a conta do rombo da previdência estadual depois do reajuste da alíquota de 14% - que passou a taxar, inclusive, quem ganhava 1 salário mínimo.

“Os relatos dos aposentados de nossa categoria é de cortar o coração. Isto porque são pessoas que não estão conseguindo pagar mais os planos de saúde e que gastam muito com seus remédios de uso contínuo, inclusive pessoas que fazem tratamento de câncer. Isso é muito dolorido para nós”, revelou a presidente do Sinteal.

Ela lembra que de um lado o governo consegue renegociar dívidas com bancos, inclusive dívidas previdenciárias e que irão aumentar a conta e vai colaborar para a redução de investimentos no Estado. “Por isso somos totalmente contrários a esse congelamento. Fizemos muita luta virtual para ver se melhorávamos o PL 39, chegamos a conseguir, junto com outras categorias, ficarmos fora da proposta, mas o presidente já garante que vai vetar e vai congelar os salários”, lamentou Consuelo.

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