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Nº 5695
Política

ARTHUR LIRA: LINHA DIRETA COM BOLSONARO

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Por Da editoria de Política | Edição do dia 18/07/2020

Matéria atualizada em 18/07/2020 às 06h00

Arthur Lira é frequentemente citado em articulações para a votação de matérias-chaves do governo como a Reforma Tributária, que voltou à discussão em Brasília
Arthur Lira é frequentemente citado em articulações para a votação de matérias-chaves do governo como a Reforma Tributária, que voltou à discussão em Brasília | Divulgação

Um dos líderes do Congresso Nacional, o deputado federal alagoano Arthur Lira (Progressistas), tem sido a principal ponte de diálogo entre o presidente Jair Bolsonaro e o parlamento brasileiro. Fotos e vídeos divulgados por Lira e Bolsonaro mostram isso. A última demonstração de apoio público pôde ser assistida no Sertão alagoano, na última segunda-feira (13), na inauguração de um sistema de abastecimento de água em Água Branca, quando o parlamentar fez uma videochamada e colocou o presidente para falar com a população. Provocado por Arthur, Bolsonaro anunciou novos recursos e a vinda a Alagoas ainda este ano, para ver, em funcionamento, o trecho IV do Canal do Sertão Alagoano. O bom relacionamento de Arthur Lira se estende ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e ao do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, que veio com o alagoano para uma série de atividades no estado. O parlamentar é frequentemente citado em articulações para a votação de matérias-chaves como a Reforma Tributária, que voltou à discussão Ǝesta semana em Brasília (DF). Sob comando dele, a base de apoio ao governo Bolsonaro conta com 221 deputados, garantindo desta forma que projetos de interesse do Executivo sejam aprovados, após ampla discussão. Nesta entrevista à Gazeta de Alagoas, o deputado Arthur Lira analisa o cenário político atual, defende a extensão do auxílio emergencial pelo prazo de mais dois anos e prevê a recuperação das atividades comerciais por meio do papel do Estado.

Gazeta. Deputado, como se deu a aproximação com o presidente Bolsonaro? O sr. já mantinha uma relação com o então deputado na Câmara Federal?

Arthur Lira. Eu e o presidente Bolsonaro fomos colegas de Parlamento por anos. Minha família gosta bastante do presidente. Diria que até são fãs. Eu estou contente de poder contribuir para que a gestão dele apresente frutos para o Brasil e, especialmente, para Alagoas. As inaugurações e os recentes anúncios de investimento para o nosso Estado é uma clara demonstração de que o presidente tem um enorme carinho pelo Nordeste. Vários projetos de infraestrutura foram destravados nos últimos meses, muitos deles já se transformaram em melhorias diretas para nossa população.

Quais foram os resultados objetivos da visita realizada ao lado do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho? Quais são as obras que serão retomadas com recursos federais? Há expectativa que outros repasses sejam realizados para a continuidade do Canal do Sertão?

O presidente tem garantido agilidade na liberação de recursos, principalmente em relação a obras hídricas. Aqui em Alagoas, esta semana, o ministro Rogério Marinho (MDR) inaugurou o segundo sistema de adutora, com captação do Canal do Sertão. É água para o cano das casas dos sertanejos. Encontrei uma moradora de 60 anos que se emocionou quando viu a água sair do chuveiro. Foi a primeira vez que pôde ter um chuveiro. Isso nos toca. Obras para o abastecimento humano é uma reivindicação minha e já era do então senador Benedito de Lira, que destinou recursos de emenda parlamentar. Já são duas em funcionamento e, em breve, mais duas serão instaladas, beneficiando 40 mil pessoas, com investimento total de R$ 20 milhões. A gestão desta água está sendo transferida para a própria comunidade. É água tratada para a população, é água para a irrigação, é água para as indústrias locais. Isso é garantia de dignidade, mas também de autonomia para localidades onde antes era preciso trazer todos os dias o galão nos ombros. O presidente Bolsonaro disse para gente em Água Branca, por videochamada, que virá a Alagoas inaugurá-las e ver o trecho IV do Canal do Sertão, que recebe novos investimentos de R$ 174 milhões, sendo que R$ 36 milhões já foram transferidos no mês passado. Só nesta obra o valor global de investimentos da União será de R$ 817,6 milhões.

Como cobrar do governo federal um fluxo permanente para que as obras federais em Alagoas continuem andando em meio à crise sanitária que o País enfrenta?

O governo federal não tem parado. Nesta visita, o ministro Rogério Marinho também autorizou obras e ainda a retomada de outras. Desde o investimento em saneamento básico e abastecimento em Campo Alegre, com mais R$ 5,8 milhões, passando por R$ 48 milhões em mobilidade urbana na cidade de Rio Largo, até a viabilização de obras de habitação, como no caso do Residencial Vale Bentes, na parte alta de Maceió, e do Residencial Villas do Mundaú, na região lagunar da nossa capital. Estas obras são frutos também de emendas minhas e do ex-senador Benedito de Lira. Neste, são 1.776 moradias construídas com recursos federais da ordem de R$ 142 milhões. Vamos continuar buscando os recursos de que Alagoas precisa e que vão ajudar nossa economia a reaquecer após esta crise.

Alagoas continua sendo um estado pobre, com o quadro de desemprego agravado com a pandemia e o fechamento de milhares de postos de trabalho ao longo dos últimos meses. O Estado segue sendo incapaz de realizar grandes investimentos. Alagoas pode abrir mão da ajuda federal? Ter uma boa relação institucional com a Presidência República é importante?

Nós estamos trabalhando para que as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) continuem, para que as rodovias continuem, para que as obras de construção de casas populares e de saneamento continuem. E os recursos têm chegado. A bancada federal alagoana é muito aguerrida e tem conseguido êxito. Alagoas é um estado como alguns outros do Nordeste em que a transferência de recursos federais é fundamental para o desenvolvimento socioeconômico regional, tanto na infraestrutura viária quanto no acesso à água e ao esgotamento sanitário. Todas as grandes obras têm o envolvimento essencial da União.

Qual a avaliação do sr. sobre o governo Bolsonaro? Quais são os pontos de excelência da gestão e onde o sr. enxerga que há necessidade de uma melhor atenção por parte do presidente?

O governo do presidente Bolsonaro tem investido muito. Este é um ano de muita dificuldade, mas o governo fez uma transferência de recursos muito forte, principalmente para aquelas camadas menos aquinhoadas e mais necessitadas, para que as pessoas tivessem uma garantia mínima para suportar este período. Mas vai além. Nesta pandemia, o governo federal foi fundamental para a saúde econômica de Estado e das famílias alagoanas. O recente artigo do economista alagoano Cícero Péricles mostrou que o Auxílio Emergencial salvou inúmeras vidas durante o último trimestre. O abalo econômico seria desastroso sem o apoio do presidente Bolsonaro. Sabemos que é inviável manter este socorro neste patamar por mais tempo. Quando se fala em R$ 600, são R$ 50 bilhões por mês. Agora é hora de pensar numa ajuda por mais um ou dois anos, mas por meio de uma melhoria no Bolsa Família, que hoje é cerca de R$ 190. Creio que podemos chegar a R$ 300. O governo iria gastar R$ 100 a mais para cerca de 20 milhões de pessoas, num aumento de custo de R$ 1,6 bilhão por mês em relação ao que é destinado atualmente ao Bolsa Família. Isso garante um fôlego para a busca do brasileiro pelo retorno ao emprego. Defendo isso dentro da economia, sem que isso ultrapasse o teto dos gastos, nem da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Será preciso prorrogar a PEC do Orçamento de Guerra?

Acho desnecessário a PEC do Orçamento de Guerra após dezembro, quando o prazo se finda. Nós temos que fortalecer a economia nos próximos meses. Dar atenção a setores como o Turismo. Nós podemos dar condições para que o setor turístico nordestino volte a gerar empregos e divisas. A maior operadora de Turismo do Brasil já mostrou que a procura por Alagoas como destino é alta. Temos que qualificar a estrutura turística, ajudar aqueles que fecharam negócios e criar um planejamento para que cheguemos bem no fim do ano. Penso que será necessário estimular setores estratégicos.

Qual a avaliação do sr. sobre a relação de Bolsonaro com o Congresso Nacional? Houve uma melhora ou é um processo que ainda está em construção?

A relação do governo com o Congresso está boa. Temos um momento de tranquilidade em que estamos discutindo assuntos importantes para a melhora da nossa economia. Tivemos uma aproximação natural sem qualquer mudança brusca. Isso vai acelerar entre este mês e o próximo em razão do calendário eleitoral.

Quais as pautas que devem ser priorizadas?

Nos últimos dias, a Reforma Tributária, que já vinha andando antes da pandemia, voltou a caminhar no Congresso Nacional. Ela é necessária e considero importante aprofundá-la bastante. Como vai ser à frente é que precisamos ver por causa da questão de Estados e municípios, a substituição de ICMS, a questão dos serviços, algo que conta com muita resistência. Mas é preciso simplificar. O que precisamos neste momento, além da retomada da economia, é focar em soluções para os mais vulneráveis, com tempo para o emprego e a qualificação profissional.

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