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Política

ANVISA AUTORIZA IMPORTAÇÃO DE 6 MILHÕES DE DOSES DE VACINA

Doses da Coronavac, porém, só poderão ser aplicadas após fim dos testes clínicos e aval da agência

Por Folhapress | Edição do dia 24/10/2020

Matéria atualizada em 24/10/2020 às 04h00

Brasília, DF - A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou sexta-feira (23) a importação excepcional, pelo Instituto Butantan, de 6 milhões de doses da vacina Coronavac, produzida pela empresa chinesa Sinovac. O aval, porém, não indica que as doses poderão ser aplicadas. Isso ainda dependerá do resultado dos testes clínicos e do registro da vacina no país. A decisão ocorre um dia após o diretor-geral do instituto, Dimas Covas, afirmar que a Anvisa estaria retardando a autorização para a importação excepcional de matéria-prima da Sinovac que possibilitará a fabricação da vacina no Brasil. O plano original do Butantan era receber, em outubro, 6 milhões de doses do imunizante Coronavac já prontos e fabricar no Brasil, até dezembro, as outras 40 milhões de doses a partir da matéria-prima que chegaria da China. O pedido formal de liberação excepcional da importação de matéria-prima foi feito em 23 de setembro. Covas disse que, na quinta (22), recebeu a informação de que o assunto só será tratado em uma reunião em 11 de novembro. “Uma liberação que ocorre em dois meses deixa de ser excepcional”, afirmou ele. Nesta semana, o presidente Jair Bolsonaro esvaziou o plano do Ministério da Saúde de compra futura de doses da Coronavac, criticou o governador João Doria (PSDB-SP) e disse que a vacina não seria confiável por causa de sua origem. Inicialmente, a Anvisa não respondeu sobre os motivos do atraso e informou apenas que o processo passou a ser incluído em uma ferramenta especial de análise, chamado de circuito deliberativo, com previsão de decisão em até cinco dias. Nesta sexta, a Anvisa negou ter atrasado a análise e afirmou que o processo já havia sido analisado, mas que “foram identificadas discrepâncias”. A análise sobre a importação da matéria-prima deve ocorrer em reunião no dia 4 de novembro. “Cabe ressaltar que esse processo se encontrava pautado para o dia 4 de novembro, justamente para que houvesse tempo hábil para o atendimento das discrepâncias apontadas no processo referente à matéria-prima vacinal”, diz. Segundo estudo financiado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia, o uso do antiparasitário nitazoxanida (também conhecida pelo nome comercial Annita) contra a Covid-19 teve resultado similar ao do placebo. Mesmo assim, a pesquisa foi motivo de cerimônia com presença do presidente Jair Bolsonaro e do ministro Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) - no evento, um gráfico genérico dizia que a droga era eficaz e poderia ajudar no combate à pandemia. “Em resumo, nós temos agora uma ferramenta que o Ministério da Saúde pode utilizar para ajudar a salvar vidas”, disse Pontes, no evento no último dia 19. “Dá para ter uma noção do que estamos anunciando aqui hoje, né? Nós estamos anunciando algo que vai começar a mudar a história da pandemia.” Os resultados do estudo, disponibilizado em pré-print (ou seja, ainda não publicado e revisado por outros pesquisadores), são significativamente mais modestos do que os citados por Pontes. Segundo médicos e pesquisadores ouvidos pela reportagem, a conclusão da pesquisa não muda o cenário atual e não deve significar uma guinada no combate ao novo coronavírus.

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