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Política

SINDPOL VÊ SECRETÁRIO TENTANDO ‘MOTIVAR’ ESTRUTURA SUCATEADA

Mesmo assim, dirigente do sindicato afirma que “ação é pirotecnia e politicagem com uma ferramenta importante da polícia”

Por arnaldo ferreira | Edição do dia 27/02/2021

Matéria atualizada em 27/02/2021 às 04h00

Nazário lembra que o cenário técnico e operacional das polícias permanece carente e piora a cada dia em Alagoas
Nazário lembra que o cenário técnico e operacional das polícias permanece carente e piora a cada dia em Alagoas | Fábio Costa

No balanço que fez a respeito das “operações espetaculosas” da Polícia Civil coordenada pelo próprio secretário, Alfredo Gaspar de Mendonça, o presidente do Sindicato dos Policiais Civis, Ricardo Nazário, avaliou que “é uma tentativa de motivar os policiais insatisfeitos com as carências técnicas, operacionais e com salários defasados”. Sobre a utilização do helicóptero nas operações disse que a repercussão é negativa. “É ação de pirotecnia e politicagem com uma ferramenta importante da polícia”, lamentou. Para o líder dos 1,6 mil policiais civis, “o cenário técnico e operacional das polícias permanece carente, piora a cada dia com a maioria das 140 delegacias precisando de reformas e com os policiais insatisfeitos”. Com relação às delegacias do Centro Integrado de Segurança Pública (CISP) considerou como “bom projeto”. Mas “hoje é exemplo do outro desperdício do dinheiro público”. Ao explicar, disse que as Cisps custaram em média R$ 1,8 milhão, “os imóveis são inseguros por conta das divisórias [de madeira prensada] e a integração entre as policiais civil e militar precisa de aperfeiçoamento. “Os prédios com três meses de funcionamento apresentam problemas sérios, com teto caindo, no chão, e sucateamento generalizado”. Nazário lembrou que entre os 1,6 mil policiais civis, 600 já deveriam estar aposentados. “A falta de efetivo compromete a outra parte do combate à violência. O resultado dos inquéritos”. O líder sindical estimou que “cerca de 50 mil inquéritos estão parados nas delegacias por falta de efetivo para dar celeridade as investigações”. Avaliou ainda que os homicídios, roubos e outros crimes não reduziram. “O que o governo diz sobre redução da violência é fake news. A violência não para. Tanto que os homicídios se multiplicam”.

SUSTO NO AR

Outro que também não poupou críticas às operações “cinematográficas” com a aeronave da SSP foi o deputado Inácio de Loiola (PDT). “A gente está vendo operações sem sentido e descabida”. O deputado citou como exemplo negativo as operações realizadas no Sertão, durante o carnaval, que não aconteceu. Segundo ele, as ações assustaram os sertanejos. “Uma dessas operações de blitz aconteceu na cidade de Pão-de-Açúcar. Teve pouco efeito prático. Deixou a população constrangida e isto só onerou os cofres púbicos num momento que o estado precisa economizar e fazer investimentos na infraestrutura da própria polícia”. Loiola foi taxativo em afirmar que as operações comuns com o envolvimento direto do secretário são “sem cabimento. Não vejo justificativa convincente. São operações espetaculosas, de pouco resultado. Discordo, radicalmente, deste tipo de ação. A serventia é zero”. Nos bastidores da ALE, deputados governistas que preferem o anonimato também criticaram e se especulava a possibilidade de o Legislativo abrir procedimento para apurar as necessidades da utilização do helicóptero em operações rotineiras e gastos com equipes de filmagem. Dificilmente isto acontecerá. Entre os 27 deputados, a maioria é da bancada governista. Entretanto, alguns governistas avaliaram as ações como preparativa de uma possível campanha eleitoral para 2022, quando haverá eleições gerais para presidente da República, governador, senador, deputados federais e estaduais. Os deputados imaginam que Gaspar será candidato. Já o líder da bancada do governo, deputado Sílvio Camelo (PV), rebateu as críticas dos colegas. “Vejo com naturalidade a utilização de todas as ferramentas, das policias civil e militar, no combate a criminalidade”.

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