O adiamento da coletiva do governador Renan Filho (MDB), ontem à noite, só fez aumentar as especulações sobre as divergências de sua gestão com o setor produtivo alagoano. Horas antes do compromisso com a imprensa, que acabou não ocorrendo, os empresários divulgaram uma nota onde reafirmavam a união do segmento. Os empresários voltaram a contestar os efeitos das medidas adotadas pelo Executivo que colocou o Estado na fase vermelha, com restrições de funcionamento de estabelecimentos comerciais. “As lideranças do setor produtivo de Alagoas reforçaram a unidade para enfrentar a crise de saúde e econômica causada pela pandemia do novo coronavírus e cobraram do governo estadual a necessidade de reabertura gradual de setores da economia”, diz a nota. Segundo os empresários, a posição da categoria foi formalizada ao secretário de Desenvolvimento Econômico e do Turismo, Rafael Brito, e ainda ao Chefe do Gabinete Civil, Fábio Farias. No ofício encaminhado aos dois secretários, foram apresentadas várias propostas. A principal delas, considerando os efeitos danosos para as empresas, incluiu um “socorro financeiro às atividades econômicas”. No documento, os empresários informaram ainda que na Região Nordeste, apenas Alagoas e Sergipe optaram por manter restrições mais severas ao setor comercial com o fechamento, redução e proibições. Eles lembram que os efeitos dessa posição afetou diretamente setores agregados como o de eventos, turismo, além de bares e restaurantes. “A preocupação do grupo de empresários e entidades representativas, capitaneados pela Associação Comercial de Maceió e pela Federalagoas, é fazer com que a economia volte a funcionar, de forma responsável e gradual, para que as empresas consigam continuar existindo, mantendo, também, os empregos de milhares de pessoas”, diz outro trecho da nota. Conforme foi discutido internamente, os empresários estão convencidos de que é possível promover a reabertura parcial e gradual de parte da economia. Sem citar números envolvendo a pandemia, mas com base na realidade econômica com a qual estão lidando desde as restrições, os empresários lembram que a suspensão das atividades, as segundas do comércio e as terças dos shoppings contribuem para aglomerações. Elas estariam ocorrendo nos bairros periféricos da capital onde residem boa parte dos trabalhadores. “Outro ponto fundamental é a questão do resgate financeiro das empresas. Entre as propostas estão a instituição de um PROFIS Estadual do Covid, envolvendo os tributos estaduais de qualquer natureza, com fatos geradores ocorridos até a competência março/2021, com isenção de multa e juros; a suspensão da exigência do pagamento do ICMS antecipado; o pagamento de ICMS de qualquer natureza, relativo ao período de Abr2021 a Dez2021, em 6 parcelas, sem multa e juros”, dizem os empresários. A posição do setor produtivo é assinada por 10 entidades representativas dos vários segmentos. Um detalhe importante é que para sustentar parte dos argumentos eles usam o que vem sendo propagado pelo governo.
* Com assessoria