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Política

PARQUE TECNOLÓGICO DEFASADO AMEAÇA 2 MIL PESQUISAS NA UFAL

Reitor promete manter universidade aberta, mas admite cortes em segurança, serviços gerais e pesquisas após orçamento congelado

Por arnaldo ferreira | Edição do dia 12/06/2021

Matéria atualizada em 12/06/2021 às 04h00

Ufal teve cortes de R$ 160 milhões no orçamento, que permanece o mesmo desde 2012
Ufal teve cortes de R$ 160 milhões no orçamento, que permanece o mesmo desde 2012 | Ascom Ufal

Os equipamentos do parque tecnológico e laboratórios com 10 anos e a maioria superados, comprometem mais de 2 mil pesquisas desenvolvidas na Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Até na área de TI (tecnologia da informação) o caos se instala por falta de equipamentos modernos para armazenamento de dados, nobreak, entre outros. Sem contar a falta de reagentes, insumos, manutenção dos laboratórios e financiamentos de bolsas. Para chegar até o final do ano, a Ufal precisa de mais de R$ 70 milhões de suplementação orçamentária. Se o Brasil estivesse com a economia equilibrada, o orçamento da Ufal seria de R$ 1 bilhão. No entanto, terá que manter a expansão dos 102 cursos de graduação, pós-graduação e dos campings com o orçamento semelhante ao de 2012 por conta das perdas inflacionárias. Os cortes em custeio e no capital somam de R$ 60 milhões, no orçamento tem menos de R$ 100 milhões. A instituição tem que se manter com R$ 900 milhões, porque a suplementação não é garantida.

CORTES

Nas áreas de Humanas e de Ciências Sociais cortaram todos os investimentos em pesquisas, a maioria dos laboratórios está sucateado. Os outros laboratórios funcionam razoavelmente. Os mais afetados são os das áreas tecnológicas, biológicas, de biomedicina e da saúde. A comunidade universitária, de 35 mil pessoas [professores, técnicos, estudantes e prestadores de serviço] sentem de alguma forma o caos provocado pelos cortes orçamentários. A Ufal e as outras 68 universidades federais enfrentam momentos dramáticos, afirma a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior. Com os cortes de 18,16% no orçamento discricionários, as instituições adotaram economia de guerra. Entre as medidas, estão cortes ou retenção das bolsas de 70 mil pesquisas, das quais mais de 2 mil são de Alagoas. A manutenção e os insumos necessários como reagentes são comprados com cotação dolarizada e o orçamento que havia era do tempo que o dólar custava R$ 1,7 e hoje está mais de R$ 5. Para piorar, não há mais previsão orçamentária. Isto acontece no momento em que as universidades precisam investir nas pesquisas para enfrentar inclusive a pandemia do coronavírus. Os coordenadores de cursos e de pesquisas suspenderam novas investigações científicas e se queixam da falta de recursos para aquisição de peças de reposição importadas dos equipamentos dos parques tecnológicos e laboratoriais. Os órgãos financiadores das pesquisas nas Universidades, como o Conselho Nacional de Pesquisa, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, entre outros, também cortaram convênios e reduziram investimentos. Segundo alunos e professores, “a ciência regride lentamente junto com o sucateamento das universidades”.

BRASÍLIA

O reitor Josealdo Tonholo passou a semana com o “pires nas mãos” (expressão para definir busca de recursos) em Brasília, peregrinando por ministérios e gabinetes parlamentares da bancada federal de Alagoas. Ele busca apoio para aprovação do orçamento suplementar das universidades federais, o que destinaria pelo menos mais R$ 70 milhões para a Ufal. “As universidades estão ativas e as pesquisas fluem por causa da pandemia do coronavírus. É preciso recursos para mantê-las. Do contrário, vai parar tudo”. Ao definir a situação da universidade, o reitor confirmou o orçamento discricionário de R$ 900 milhões, “é o mesmo de 2011 e 2012 por conta da inflação do período”. O orçamento discricionário é a soma dos recursos do custeio, de pessoal e capital. Na área de pessoal, a situação é melhor porque alguns dos 3 mil professores estão recebendo precatórios e a universidade não pode interferir nos salários assegurados por legislação própria. Portanto, não pode fazer cortes nos salários. O segundo semestre começará com menos R$ 10 milhões de capital e R$ 42 milhões da verba de custeio. A gestão teve de otimizar (cortar) mais pessoal terceirizado da segurança e serviços gerais, revelou um dos gestores administrativos da Ufal. O orçamento não contempla financiamento de pesquisa. Os recursos terão que vir de agências financiadoras. O próprio pesquisador vai buscar com os projetos. Um dos exemplos é a mini usina geradora de energia solar fotovoltaica em construção na entrada principal do campus AC Simões. O coordenador do curso de pós-graduação de engenharia da Ufal, professor Márcio André, fez o projeto e conseguiu financiamento de R$ 2 milhões junto à Eletrobras. Do montante, 50% se destinam a construção física do projeto e o restante financia pesquisas e bolsas de estudos.

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