Entre os 27 deputados estaduais, quatro aparecem nos bastidores da política como pré-candidatos ao governo de Alagoas. Um deles é o presidente da Assembleia Legislativa Estadual (ALE), deputado Marcelo Victor (Solidariedade). Ao ser questionado numa entrevista exclusiva a respeito de uma possível candidatura ao Executivo estadual, Victor foi taxativo: “Sou candidato à reeleição”. A fala, no entanto, deixa dúvida no ar, porque se o governador Renan Filho (MDB) se desincompatibilizar do cargo para participar do pleito do próximo ano, o presidente da ALE assumirá como “governador tampão” e poderá disputar a eleição para o governo do Estado. Os outros parlamentares comentados até agora para a disputa ao governo são Antônio Albuquerque (PTB), Davi Davino Filho (PP) e a deputada Jó Pereira (MDB). Os dois últimos lembram que candidaturas majoritárias dependem de muitas articulações, de apoio da sociedade civil organizada e partidos políticos. O deputado Marcelo Victor faz a mesma linha de discrição e ainda acrescenta que “sou candidato à reeleição de deputado estadual”. O parlamento estadual se mantém distante dos escândalos administrativos, das polêmicas e das baixarias que marcaram as legislaturas dos últimos anos. Aprovou mais de 300 matérias, dentre elas as polêmicas mensagens do governo estadual, como a que impôs desconto de 14% de aposentados e pensionistas com vencimentos inferiores a R$ 6,5 mil, sem devolver o dinheiro retido a partir de abril do ano passado, e a que resultou em autorização para o governador Renan Filho contrair novos empréstimos no mercado nacional de internacional que somam R$ 1,2 bilhão, cerca de 40% em dólar. Confira a entrevista com o deputado Marcelo Victor:
O senhor considera que a missão da Assembleia Legislativa no primeiro semestre de 2021 foi cumprida? Não. Porque sempre falta alguma coisa.
Qual o balanço desta legislatura? Não foi fácil. Conduzir uma Casa parlamentar e promover reuniões num momento em que a gente não pode fazer reuniões por conta do risco de contaminação pelo coronavírus, foi um desafio e tanto e conseguimos superar. Mas o destaque é do nosso parlamento que desempenhou papel importante: foi a união de esforços.
Em termos de matérias?
O Parlamento não se omitiu. Votou em mais de 300 matérias de todos os segmentos e Poderes.
Qual o senhor considera como a mais importante? Não existe esta coisa de matéria mais importante. Todas são importantes e classificar ou diferenciar uma da outra é um desrespeito com o trabalho do Poder Legislativo.
Neste parlamento tem diversos representantes da Política Liberal, de Centro, Direita, Progressistas, Independentes, jovens parlamentares, Mulheres, Governistas de diversas matizes e o senhor é o primeiro que consegue manter o parlamento longe das polêmicas e dos escândalos que marcaram o passado desta Casa. Seus pares e os funcionários dizem que o senhor une o Legislativo. O senhor concorda com isso? O que acontece aqui é o esforço conjunto. A união é de todos. Não posso atribuir isto que você se refere a mim com mérito meu. O mérito é de todos.
Com a saída do vice-governador Luciano Barbosa para disputar, vencer as eleições municipais e assumir a Prefeitura de Arapiraca, o senhor passou a ser o primeiro da linha sucessória para assumir o governo do Estado. Está preparado para a missão? Não.
Mas, se for convocado para assumir o governo do estado, assumirá? Sim
O governador Renan Filho anuncia aos quatro cantos que vai sair no momento certo para disputar as eleições do próximo ano. O senhor já está conversando sobre o assunto e está preparado? Quem é preparado para governar, Arnaldo? Quem está preparado para governar e atender plenamente os 3 milhões e 300 mil habitantes? Quem? Quem tem capacidade para resolver todos os problemas que Alagoas tem, historicamente? A solução está numa união de forças. Não existe esta história de uma pessoa sozinha resolver tudo. Por isso, digo que sozinho não posso fazer nada. É preciso a união das forças políticas.
O senhor, sendo o governador, será candidato à reeleição ao cargo de Chefe do Poder Executivo. É isso mesmo?
Sinceramente... [silêncio por alguns segundos] Veja, a política tem correnteza própria. Tem uma rota própria. Eu não sou candidato a governador e nem existe vaga para ser assumida. O governador Renan Filho foi eleito pelo povo para concluir seu mandato em dezembro de 2022. Vejo tudo isso como especulações.
Como o senhor avalia as especulações? Quem trabalha com especulações são os economistas. Os políticos não devem trabalhar com especulações.
Mas, se esta possibilidade ocorrer no futuro, o senhor aceitará o desafio? Não existe desafio que o político não aceite. Não se trata disso. Trata-se de uma discussão democrática que não pode ultrapassar as instâncias. Se escolhe o candidato a governador nas instâncias.
Quais instâncias? Dos Partidos Políticos a partir da discussão ampla; alianças políticas com os partidos e a sociedade em geral, ou seja, a sociedade civil organizada. Então, candidaturas para cargos únicos têm que ter um perfil amplo e ter apoio de todos os atores da sociedade. Isto não depende de mim.
Os políticos com mandatos trabalham nos bastidores o futuro deles. O projeto político do senhor para o próximo ano qual é?
O projeto político pessoal do deputado Marcelo Vitor para 2022 é ser candidato a deputado estadual.
O senhor admite que hoje é um vice eventual? Não posso afirmar isto porque o governador nunca me disse que pretendia deixar o governo. A boca que fala o que não ouve não constrói.
Então o senhor é candidato ao quê em 2022?
Sou candidato à reeleição. Peço voto por onde passo. Inclusive, quero pedir o seu voto. Se você não tiver candidato a deputado estadual, vote em mim [risos]. Com o papel de presidente da Assembleia Legislativo Estadual escolhido pelos deputados desta Casa, me deixou preso e não pude fazer política. Por isso, vou precisar até do seu voto!
Nos bastidores da política há indicativos de quatro deputados pré-candidatos ao governo de Alagoas: o senhor, o deputado Davi Davino Filho (PP), a deputada Jó Pereira (MDB) e o deputado Antônio Albuquerque (PTB). Como o senhor analisa as candidaturas?
Se confirmada as candidaturas, teremos uma disputa difícil, principalmente para o deputado Davi Davino Filho, que participou recentemente de um pleito muito duro na capital [o deputado foi candidato a prefeito e ficou em terceiro lugar na disputa vencida pelo deputado federal e hoje prefeito JHC-PSB].