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Maceió,
Nº 5693
Política

IMPACTO DO DISTRITÃO NAS ELEIÇÕES DE 2018 SERIA MÍNIMO EM AL

Renova BR cria ferramenta que simula os resultados da última disputa por cadeiras na Câmara e nas Assembleias Legislativas

Por thiago gomes | Edição do dia 03/08/2021

Matéria atualizada em 03/08/2021 às 04h00

Pelo sistema ‘Distritão’, quem ganha na disputa proporcional é sempre o candidato mais votado no dia das eleições
Pelo sistema ‘Distritão’, quem ganha na disputa proporcional é sempre o candidato mais votado no dia das eleições | Divulgação

Se as eleições de 2018 já tivesse o ‘distritão’ como sistema adotado para eleger os deputados estaduais e federais, o resultado do pleito, em Alagoas, não mudaria quase nada. O impacto, se a mudança tivesse acontecido desde então, seria mínimo. É o que aponta uma análise feita pelo movimento de renovação política Renova BR.

O grupo nacional criou uma ferramenta que simula os resultados da última disputa por cadeiras na Câmara e nas assembleias legislativas, caso os mais votados em cada estado fossem eleitos, como prevê o novo modelo em discussão no Congresso Nacional.

Conforme a plataforma Dash Distritão, um deputado federal de Alagoas e um estadual não estariam na lista dos eleitos: Tereza Nelma (PSDB) e Silvio Camelo (PV). Nelma teve 44.207 votos nas eleições, mas quem seria deputado, com a metodologia nova, seria o atual prefeito de Maceió, Ronaldo Lessa (PDT), que foi o nono mais votado, com 55.474 votos.

No caso da ALE, quem se daria bem era Ronaldo Medeiros (MDB). Ele obteve 24.241 votos e não ficaria na qualidade de primeiro suplente do partido. Medeiros assumiu o mandato no começo deste ano, com a renúncia de Marcelo Beltrão (MDB), eleito prefeito do município de Coruripe.

O movimento de renovação fez uma análise de dados extraídos por meio do aplicativo ‘Divulga’, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que correspondem à visão no momento da eleição, ou seja, não considera as possíveis mudanças dos parlamentares entre partidos. O objetivo, conforme está previsto na plataforma, é apresentar quais seriam as implicações práticas caso o sistema eleitoral do Brasil fosse baseado na lógica do voto único intransferível, do inglês Single Non-Transferable Vote (SNTV) ou ‘Distritão’. “Diante das discussões de reforma eleitoral com o modelo do distritão, o RenovaBR optou por trazer dados e evidências para essa discussão. Desenvolvemos uma ferramenta pedagógica, com base nas eleições de 2018, que traz inúmeros dados sobre as mudanças de nomes e consequentemente os perfis de gênero, raça e partido. Além do cenário nacional, disponibilizamos os dados por estado, tanto para compreensão de mudanças da bancada federal quanto das Assembleias Legislativas”, destaca a diretora de comunicação do movimento, Naara Normande.

Em âmbito nacional, o novo modelo de eleição teria favorecido a eleição de deputados federais homens, brancos, de meia-idade e com mais recursos e bagagem política caso estivesse em vigor em 2018.

Atualmente, vereadores e deputados (estaduais e federais) são eleitos pelo sistema proporcional. Nesse modelo, os assentos nas Casas Legislativas são distribuídos a partir de cálculos, desconhecidos da maioria dos eleitores, que incluem o número total de votos válidos e a votação total de cada candidato de uma legenda somado aos votos em seu partido (voto na legenda). Terminada a apuração, calcula-se o chamado “quociente eleitoral”, que vem a ser o número de votos que um candidato precisa para ser eleito. Já no modelo ‘distritão’, são eleitos simplesmente os candidatos mais votados, sem nenhum cálculo. Nesse modelo, em vez de priorizar o apoio a partidos, a tendência é de políticos que são mais conhecidos sejam beneficiados, já que eles tendem a conquistar mais votos do que um político estreante, por exemplo.

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