O Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral) e a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo de Alagoas (Sedetur) anunciaram nesta quinta-feira (7), a efetivação do Parque de Energia Eólica em Alagoas. O Estado é o único da região Nordeste que ainda não possui geradores eólicos instalados em seu território. A medida acontece depois de o ex-governador Renan Filho (MDB) ter fechado os olhos para a área de energia renováveis em Alagoas ao longo dos sete anos e três meses de gestão. Como a Gazeta vem mostrando desde junho do ano passado, há seis anos o Estado abandonou os projetos que eram desenvolvidos nas secretarias de Estado de Ciência e Tecnologia e Desenvolvimento Econômico e Turismo. As pesquisas desenvolvidas pelos engenheiros da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e Eletrobras, que geraram o Atlas Eólico do Estado, completaram 14 anos e precisam de atualização. A maioria dos pesquisadores afirma que Alagoas ainda engatinha no desenvolvimento de fontes alternativas, apesar de haver significativo avanço nas áreas de energia produzida a partir de biomassa e solar.
As pesquisas desenvolvidas pela Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia para aproveitamento da força dos ventos que sopram nos 48 mil quilômetros quadrados do território alagoano pararam em 2015, segundo revelou o professor Davi Brito, da Ufal, por meio da assessoria de comunicação da Secretaria.
O governo havia perdido o interesse nas pesquisas e passou a apostar nos investimentos privados de implantação de empresas que produzem placas de energia solar fotovoltaica, seguindo uma suposta lógica de mercado. Um dos pesquisadores que acreditam na força dos ventos como fonte de energia e de economia suplementar é o professor-doutor Márcio André Araújo Cavalcante, ex-coordenador do curso de Engenharia de Geração de Energia da Ufal, atual coordenador do curso de Engenharia Civil e representante da Ufal no Comité de Políticas Energética do Estado. Como professor do Centro de Tecnologia da universidade, desenvolve pesquisa e análise do potencial eólico, como também na tecnologia de conversão de energia. “Alagoas tem potencial para geração de energia eólica complementar”, garante o pesquisador. A energia eólica é uma das formas mais limpas e eficazes, sendo captada por meio do fluxo, força e velocidade do vento. Tem sido um diferencial no Brasil e vem conquistando recordes na produção de eletricidade renovável e sustentável. Em 2017, o Iteral executou a intermediação para facilitar a negociação entre a Prefeitura de Mata Grande e a empresa Renova Energia, interessada na época em investir no parque eólico. Também desenvolveu o serviço de revisão dos limites territoriais, a identificação do local mais estratégico e a avaliação da área com maior incidência de ventos: a Serra do Parafuso no alto Sertão alagoano, localizada em torno de 600 metros acima do nível do mar. A equipe técnica do Instituto executou, nos meses de outubro e novembro de 2019, o início do trabalho de regularização fundiária com a realização do levantamento topográfico e o georreferenciamento da área, que totalizou 14.000 hectares, e o mapeamento e cadastro de aproximadamente 250 imóveis rurais.