O Presidente Lula (PT) demitiu Jean Paul Prates da presidência da Petrobras nesta terça-feira (14). Ele foi informado que vai deixar o cargo. Magda Chambriard foi convidada para ser a substituta de Prates e já aceitou assumir o cargo.
Prates foi demitido pessoalmente por Lula. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, estava presente.
A avaliação do governo é que a situação de Prates ficou insustentável.
Segundo fontes, Lula decidiu pela demissão de Prates já há algum tempo após uma sequência de desentendimentos com o governo. O agora ex-presidente da Petrobras não se entendia com Silveira havia muito tempo.
A Petrobras publicou fato relevante na noite desta terça-feira, anunciando o "encerramento antecipado de seu mandato como Presidente da Petrobras de forma negociada".
"Adicionalmente, o Sr. Jean Paul informou que, se e uma vez aprovado o encerramento indicado, ele pretende posteriormente apresentar sua renúncia ao cargo de membro do Conselho de Administração da Petrobras."
A próxima presidente da Petrobras, Magda Chambriard, foi diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) no governo Dilma Rousseff (PT)
INDICAÇÃO DE PRATES
Prates foi indicado para o cargo antes mesmo de Lula tomar posse, em dezembro de 2022. O então presidente eleito comunicou a indicação por meio de uma postagem em rede social.
"Gostaria de anunciar a indicação do Jean Paul Prates para a presidência da Petrobras. Advogado, economista e um especialista no setor de energia, para conduzir a empresa para um grande futuro", dizia a mensagem.
Advogado e economista, Prates também atuou como empresário e dirigente sindical. Na década de 80, participou da assessoria jurídica da Petrobras Internacional (Braspetro) e trabalhou na regulação dos setores de petróleo, energia renovável, biocombustíveis e infraestrutura nos governos Fernando Henrique Cardoso e Lula.
Ele também foi secretário de Estado de Energia e Assuntos Internacionais do Rio Grande do Norte e, em 2014, foi suplente na chapa de Fátima Bezerra (PT), eleita ao Senado. Em 2019, após a senadora ser eleita governadora do Rio Grande do Norte, Prates assumiu o mandato como titular até 2022, quando foi indicado para o cargo.
Lula já demonstrava insatisfação com o trabalho de Prates havia meses. Ele chegou a sondar o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Aloizio Mercadante, para o lugar.
O primeiro atrito entre eles surgiu quando houve uma discussão sobre a distribuição de lucros da empresa.
Em abril, Prates pediu audiência a Lula para esclarecer sua situação no cargo. O presidente não chegou a recebê-lo, e deixou a situação em banho-maria.
Lula vinha demonstrando incômodo com Prates em ao menos um episódio anterior e mencionado em conversas em março uma potencial troca de Prates por Mercadante.
O presidente teria ficado contrariado com tuítes disparados por Prates na rede social X (antigo Twitter), em meados de março, declarando que a orientação para reter os dividendos extraordinários da Petrobras partiu do governo Lula —o que aumentou a polêmica em torno dos dividendos.
O presidente da Petrobras também entrou em choque com o presidente do TCU (Tribunal de Contas da União), ministro Bruno Dantas. Prates cobrou explicações de Dantas sobre matéria que revelou que a área técnica do TCU pediu a suspensão de um contrato firmado pela Petrobras com a empresa de fertilizantes Proquigel Química (Grupo Unigel) por indícios de irregularidades graves.