Gazeta de Alagoas
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Maceió,
Ano 90 Nº 5870
ELEIÇÕES 2024

POLARIZAÇÃO NACIONAL DEVE INFLUIR POUCO EM MACEIÓ, DIZEM ANALISTAS

Apoio de Lula e Bolsonaro a candidatos a prefeito não deve ser componente principal da campanha nos municípios

Por Thiago Gomes | Edição do dia 25/05/2024

Matéria atualizada em 25/05/2024 às 04h00

Ninguém pode negar que a polarização no plano político nacional entre o atual Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL), deve ser um tema a ser explorado nas eleições deste ano, mas essa rivalidade não tende a ser o componente principal da campanha nos municípios. Pelo contexto atual, a tendência é que não haja tanta influência no resultado da disputa para a Prefeitura de Maceió.

É o que esperam analistas políticos consultados pela Gazeta de Alagoas. Eles acreditam que, na capital, não há sinais de que a briga entre esquerdistas e direitistas faça a diferença na escolha do futuro prefeito, apesar do histórico do comportamento do eleitor nas eleições passadas.

Maceió foi a única capital da região Nordeste onde Bolsonaro teve a maioria dos votos na disputa para Presidência da República em 2022. Aqui, o ex-presidente recebeu 273.549 votos (57,18%) e Lula 204.887 (42,82%). Uma diferença de 68.662 votos.

“Eu acho que essa polarização faz muito sentido quando analisamos as eleições gerais. Quando você vai para as arenas subnacionais, candidatos ao governo do Estado, por exemplo, esse impacto diminui um pouco. Então, isso pode ter efeito em São Paulo, em Minas Gerais, Rio de Janeiro, mas, em estados com colégio eleitoral menor, o efeito da polarização tende a reduzir. E cai mais quando enxergamos as capitais”, destacou o cientista político Ranulfo Paranhos.

Para ele, em Maceió, o atual prefeito, JHC (PL), tem uma aceitação positiva grande, acima de 50 pontos percentuais. Esse seria um dos pontos que impulsionam o pré-candidato na largada à concorrência. “Outro ponto é que ele detém a máquina pública, e não quer dizer necessariamente que vá corrompê-la. Quer dizer que pode fazer negócios, estabelecer promessas e acordos políticos legais. Então, ele tem esse poder. E, terceiro, ele tem maioria na casa legislativa, São três ingredientes que são favoráveis, que são frutos dessa construção dos últimos anos. Portanto, na minha avaliação, quanto menor o colégio eleitoral, menor o impacto do presidente ou do ex-presidente”, reforçou.

Paranhos pensa que o efeito da polarização deve ser pequeno porque o prefeito, apesar de ser do mesmo partido do ex-presidente, já tem a maioria das intenções de voto.

“Então, veja, trazer a imagem do ex-presidente pode tirar voto dele. O colégio eleitoral de Maceió é pequeno se comparado às outras capitais ou a outras cidades grandes. Então, pode ser um custo muito alto para Lula ou Bolsonaro virem para cá fazer campanha. A imagem, sim, pode ser utilizada, mas, no geral, acho difícil que esses dois nomes venham para Maceió fazer campanha apostando na polarização como um mecanismo para causar efeito na votação”, entende.

O estrategista de marketing político Gustavo Moreno também pensa que a polarização não causará efeito significativo nas eleições de Maceió. E cita que não há pesquisas que atestem o comportamento do eleitor em relação a Lula e Bolsonaro na capital. O retrato de 2022 pode ter mudado, na opinião dele.

“Não sabemos se Lula conseguiu, através do governo, crescer ou diminuir a preferência do eleitor na capital. Ainda não sabemos até que ponto a figura do Bolsonaro influencia no eleitorado. Então, acredito que a polarização, em Maceió, não interfere”, analisa.

Segundo ele, o cenário pode ser diferente de alguns municípios onde a votação pró-Lula ficou acima dos 70%. “Nesse caso, um candidato que se declarar lulista deve ganhar muito na campanha. Aqui, em uma possível eleição com muitos candidatos, a tendência é de que alguns deles usem como estratégia colar a imagem no presidente da República para tentar agregar valor”.

Moreno pensa que JHC não usará a estratégia de polarização na campanha, diferentemente do que os marqueteiros dos candidatos da oposição, que podem, sim, citar que são apoiados pelo atual presidente da República.

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