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FERRAMENTAS DE NEGÓCIOS A SERVIÇO DA PECUÁRIA

União de pecuaristas para atingir novos mercados e mudança de visão para “empresas rurais” são destaque entre criadores alagoanos do segmento da pecuária de corte

Por Editoria do Gazeta Rural com assessoria | Edição do dia 18/01/2020

Matéria atualizada em 18/01/2020 às 04h00


Após dois anos de intenso trabalho com os pecuaristas, 2019 foi encerrado com um ciclo positivo de resultados na pecuária de corte em Alagoas. Aumento no volume de vendas e no índice de competitividade dos pequenos negócios, além da estruturação de uma cooperativa para carnes especiais, foram alguns dos frutos gerados.

Para alcançar estes objetivos, ações como as direcionadas para a gestão das fazendas, missões técnicas, consultorias dentro e fora do Estado foram de fundamental importância neste processo.

Neste cenário, o volume de vendas de carnes inspecionadas no mercado local, que foi de 658.000 kg/ano, em setembro de 2017, passou para 963.248 kg/ano em 2018 e 805.460 kg/ano no fim de agosto de 2019. 


Ferramentas de negócios aplicadas nas propriedades ampliam rentabilidade para o criador
Ferramentas de negócios aplicadas nas propriedades ampliam rentabilidade para o criador - Foto: Divulgação
 

A produtividade das fazendas produtoras de carne, que era de 94,29 kg/ha/ano (quilos por hectare ao ano), subiu para 204,54 kg/ha/ano, sendo esse registro até agosto de 2019. Neste mesmo período, o índice de competitividade dos pequenos negócios, mensurado segundo parâmetros da Fundação Nacional de Qualidade (FNQ), subiu 38,81%.

As medidas tomadas - para a conquista de tais resultados - foram variadas, a exemplo de capacitações de pecuaristas. Ao todo, foram executadas por meio do Projeto Bovinocultura de Corte do Sebrae/AL em parceria com demais instituições  mais de 50 consultorias nas áreas de melhoramento genético, metodologia arroba de peso, Saúde e Segurança do Trabalhador Rural, avaliação de carcaça e Mais Pasto. Neste cenário, de acordo com o Sebrae, também foi realizado o curso voltado para gerentes e vaqueiros.

Contudo, esses não são os únicos parâmetros para medir o sucesso destes dois anos de trabalho do projeto em Alagoas. Jacqueliny Martins, analista da Unidade de Agronegócios (UAGRO) do Sebrae em Alagoas e gestora do Projeto Bovinocultura de Corte, apontou como grande conquista o alto grau de gestão, aplicada nas propriedades rurais, além da maturidade dos pecuaristas participantes do projeto.


Projeto Bovinocultura de Corte atua junto aos pecuaristas na conquista o alto grau de gestão; raça angus faz parte da ação
Projeto Bovinocultura de Corte atua junto aos pecuaristas na conquista o alto grau de gestão; raça angus faz parte da ação - Foto: Fabio Fatori
 

Pecuaristas que participaram do projeto de Bovinocultura de Corte comemoram os resultados obtidos nas propriedades
Pecuaristas que participaram do projeto de Bovinocultura de Corte comemoram os resultados obtidos nas propriedades - Foto: Divulgação
 

“Por meio das ações do projeto, eles tiveram a oportunidade de conhecer boas práticas em outros Estados e aplicaram melhorias nas suas propriedades. Sabemos também que Alagoas tem uma genética que se destaca na região Nordeste e no Brasil. Os produtores que participam da consultoria de melhoramento genético vêm obtendo excelentes resultados e contribuindo para que essa genética seja cada dia melhor”, ponderou Jacqueliny.

Por causa desse trabalho intenso de melhoramento genético, o segmento em Alagoas alcançou maior visibilidade dentro do Bovinocultura de Corte com a criação de uma marca comercial com o propósito de explorar o mercado das carnes premium em Alagoas.


Capacitação levou grupo de criadores a fomentar o mercado da carne nobre em Alagoas
Capacitação levou grupo de criadores a fomentar o mercado da carne nobre em Alagoas - Foto: Divulgação
 

CARNES ESPECIAIS

A estruturação da Cooperativa do Agronegócio do Boi (Cooperboi) uniu pecuaristas de seis fazendas alagoanas dos municípios de Paulo Jacinto, Quebrangulo, Viçosa, Pão de Açúcar, União dos Palmares e Porto Calvo para desbravar um nicho de mercado de grande exigência: as carnes especiais.

Por meio da marca Boi de Engenho, eles levam ao mercado cortes selecionados – ou premium – de animais de raças como Angus e Nelore, melhorados para obter carcaça de melhor qualidade e criados por meio de técnicas sustentáveis. Essas técnicas foram implantadas com base em estudos e pesquisas que resultam no aumento da produtividade sem deixar de respeitar o meio ambiente, remetendo a cortes cheios de aroma, maciez, suculência e sabor.

“O Sebrae ajudou na implantação e consolidação do nosso projeto. Ajudou tecnicamente, nos levando em visitas e missões onde conseguimos avaliar e entender como outras empresas funcionam. Nos ajudou a trazer uma consultora de fora e realizar o planejamento das ações que faremos nos próximos meses. E também quanto à divulgação do nosso negócio, dando apoio e cedendo espaço no Steak Festival”, defendeu um dos membros da Boi de Engenho, Amarílio Monteiro.

O pecuarista contava com o atendimento técnico profissional desde 2016 com o uso de ferramentas para implantação de técnicas de gestão na propriedade localizada em Paulo Jacinto.

“Hoje, a pecuária, como todos os negócios, é para profissionais. Quem mexer com pecuária achando que é como era há 30 e 50 anos, no tempo de nossos pais e avós, esqueça! Uma fazenda é uma empresa rural que funciona da mesma forma que uma empresa urbana. Precisa ter planejamento, organização, fechar as contas, ter lucratividade, tudo isso que uma empresa comum precisa para funcionar como um negócio, e o Sebrae nos ajuda bastante nisso”, destacou Amarílio.

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