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Rural

SISTEMA SILVIPASTORIL ELEVA LUCRO DE FAZENDAS

Alagoas já conta com 16 mil hectares de áreas plantadas de eucalipto, divididas entre comerciais e de silvipastoris; aliado à criação de rebanhos, eucalipto gera maior rentabilidade para as propriedades rurais nas duas explorações agropecuárias

Por Editoria do Gazeta Rural | Edição do dia 08/02/2020

Matéria atualizada em 08/02/2020 às 04h00

Varrela Pecuária foi a primeira propriedade a introduzir sistema que associa eucalipto e pecuária
Varrela Pecuária foi a primeira propriedade a introduzir sistema que associa eucalipto e pecuária - Foto: Divulgação
 

Após cinco anos, eucalipto usado no sistema silvipastoril passa pelo primeiro desbaste
Após cinco anos, eucalipto usado no sistema silvipastoril passa pelo primeiro desbaste - Foto: Divulgação
 

Diversificar para gerar renda. É com como este pensamento que a agropecuária vem conquistando resultados positivos nas últimas décadas. Entre as alternativas que vêm conquistando cada vez mais adeptos, está o plantio de eucalipto associado à pecuária, denominado de sistema silvipastoril que, além de aumentar o lucro da propriedade rural, também gera um maior bem estar e qualidade do rebanho. 

Atualmente, Alagoas conta com uma área plantada de 16 mil hectares de eucalipto, espalhadas em regiões da zona da mata a litoral. Dessa área, 200 hectares são associados à pecuária. 

Na Varrela Agropecuária, que iniciou o plantio há cerca de cinco anos, o projeto agora chegou ao primeiro desbaste. Toda madeira do corte da agropecuária será usada para na própria propriedade, promovendo um processo auto-sustentável.

“A gente consegue manter a mesma quantidade de animais ou até mais em uma área, que não usa a técnica. Mas, no caso do silvipastoril, tem uma vantagem importante que está no maior ganho de peso do rebanho. Com isso, em uma mesma área conseguimos tirar animais com um peso maior, além de termos posteriormente a madeira do eucalipto a ser colhida. As árvores fornecem ao rebanho um sombreamento importante no campo. Quando se trata melhor o animal, ele responde também na mesma proporção”, declarou o gerente da pecuária Varrela, Marcelo Cordeiro, que já trabalha com o projeto de expansão da área silvipastoril para toda a propriedade.

Segundo Cordeiro, a rotação com animais na área cultivada teve início com gado de leite, usando novilhas de recria, para depois ser inserido o nelore apartado. “Com o silvipastoril melhoramos muito a pecuária. Agora, chegamos ao nosso primeiro desbaste de parte das árvores, obtendo 33 metros cúbicos por hectare ano. Na pecuária, esta técnica, representa o processo de verticalização”, afirmou.

De acordo com ele, para cada árvore colhida o resultado é de uma média de três mourões de 18 cm a 20 cm de diâmetro por 2,5cm de comprimento e três estacas de 14 cm a 16 cm de diâmetro e de até três de 10 cm a 14 cm de diâmetro, além de lenha de sobra. 

O proprietário da Amaru Sustentabilidade, Shirlan Medeiros, explica que a Varrela foi a primeira área de silvipastoril em Alagoas, tendo sido iniciada com cinco hectares com a finalidade de conhecer melhor o funcionamento do processo. “Não é uma área comercial. Fizemos para saber como se comportava. Foi feito o plantio com um espaçamento de dez metros entre fileiras e de plantas com quatro, três e duas linhas. Observamos nesse experimento, que já ocorre já há cinco anos, que as árvores de duas linhas acabam se sobressaindo sobre as demais”, declarou. 

De acordo com ele, com a interação entre a pecuária a floresta há uma diminuição na temperatura, promovendo um maior conforto térmico para os animais quando pastam na área onde há também o cultivo do eucalipto, tendo também uma maior retenção de água no solo que favorece o desenvolvimento da pastagem. “O gado se sente melhor, tendo sombra em toda a área e evitando o estresse animal já que ele não precisa se aglomerar. O animal anda menos a procura de sombra e gasta menos energia. Isso proporciona um ambiente muito bom para a pecuária. E na questão do eucalipto o que a gente quer é ter árvores para a serraria no final deste processo”, reforçou.


Shirlan Madeiro destaca sucesso da plantação de eucalipto em Alagoas que conta com uma área de 17 mil hectares
Shirlan Madeiro destaca sucesso da plantação de eucalipto em Alagoas que conta com uma área de 17 mil hectares - Foto: Divulgação
 

Comercial

Para o proprietário da Amaru, a primeira área comercial para a exploração apenas do eucalipto foi idealizada na usina Marituba no ano de 2000. No mercado, cada mourão tratado custa cerca de R$ 65. 

“Tínhamos uma área com cana de péssima qualidade e ai a gente implantou o eucalipto onde tivemos uma produção boa. Foi o laboratório onde a gente aprendeu e aprimorou técnicas chegando em 2013 a cultivar 900 hectares. O eucalipto é um caminho sem volta. Na Varrela temos uma média de 500 árvores por hectare” afirmou.

Segundo ele, o primeiro corte das árvores na área da Varrela aconteceu, este ano, sendo realizado todos os anos o inventário florestal – para saber quanto a floresta está crescendo para que seja definido o tempo certo para o desbaste e determinar que árvore deve ser cortada - com o próximo corte previsto para ser realizado quando a plantação, que já tem cinco anos de cultivada, tiver completado oito anos. 

“Daí, vamos deixar para 12 anos o restante das árvores que são consideradas tops, tendo valor comercial bem apurado. Se quando chegar nesta idade, o preço não estiver bom, deixamos por mais tempo para que possa se valorizar ainda mais. Tirando os 11 mil hectares da Caetex, os seis mil hectares existentes no Estado já estão ficando pouco para a demanda das indústrias existentes no Estado. Existem duas empresas que fazem tratamento de estacas e mourões e duas serrarias que picam a madeira para levar para Recife para gerar energia, além de outra fábrica de paletes”, salientou Medeiros.

Segundo ele, o produtor tira em um período de cada quatro anos uma renda nova da plantação. “Nos intervalos destes períodos, o pecuarista tem que esquecer a árvore e pensar no bem estar dos animais para produzir rebanho com qualidade. Se ele conseguir tirar o animal mais cedo ou aumentar o numero de animais por hectare, já valeu apena o silvipastoril”, reforçou.


Mercado paga, por cada unidade de mourão, cerca de R$ 65, incentivando uma demanda aquecida
Mercado paga, por cada unidade de mourão, cerca de R$ 65, incentivando uma demanda aquecida - Foto: Divulgação
 

Corte

Shirlam esclareceu ainda que técnicas também são usadas no corte das plantas com ele sendo realizado de forma quase rente ao solo para evitar que as gemas da árvores acabem germinando o menos possível. “Vamos aplicar um produto para também matar o toco. Se é feito um desbaste é por que não queremos que ocorra uma competição entre as árvores. Com isso, tudo que for cortado, tem que ser eliminado. Com esse primeiro corte, estamos fechando um ciclo de silvipastoril em Alagoas”, esclareceu.

Ele informou ainda que um dos principais inimigos das árvores são os formigueiros. “O produtor tem que ficar atento ao campo para evitar que eles apareçam. Havendo mais de umas desfolhas provavelmente a árvores poderá ser perdida. Sempre deve monitorar essa que é uma das pragas do eucalipto a exemplo das lagartas, percevejos e cochonilhas”, finalizou.

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