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PORTARIA CLASSIFICA AGRO COMO ATIVIDADE ESSENCIAL

Com a medida, cadeias produtivas do setor agropecuário alagoano voltam a ter a garantia de que processo de abastecimento de alimentos não será suspenso por falta de insumos; industrialização e logística

Por Editoria do Gazeta Rural | Edição do dia 04/04/2020

Matéria atualizada em 04/04/2020 às 04h00


Apesar de a pandemia do novo coronavírus (Covid -19) ainda avançar em Alagoas, o setor agropecuário se mantém atuante na missão de levaralimento até a mesa da população. Diante de uma cadeia produtiva complexa, a publicação da portaria nº 116, de 26 de março do Ministério da Agricultura tornou atividade essencial todos os serviços, atividades e produtos do segmento do agropecuário. A medida tem o objetivo de garantir abastecimento de alimentos, bebidas e insumos agropecuários durante a pandemia do coronavírus.

A portaria teve como base relatos de dificuldades enfrentadas em alguns elos da cadeia e reforça que eventuais medidas restritivas adotadas devem resguardar o funcionamento de atividades essenciais à cadeia produtiva de alimentos. 


Lojas reabrem com adoção de critérios sanitários de combate a Covid para atender a demanda do setor agropecuário
Lojas reabrem com adoção de critérios sanitários de combate a Covid para atender a demanda do setor agropecuário - Foto: Divulgação
 

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Alagoas (Faeal), Álvaro Almeida, reforça a importância de se manter a produção e distribuição de alimentos de forma protegida. “Precisamos produzir, mas sem desconsiderar as orientações do Ministério da Saúde e o decreto do Governo do Estado. É necessário precaução extrema. Estabelecimentos comerciais podem buscar alternativas como o serviço de entrega e o “pegue leve”, para evitar aglomerações. Neste momento, a nossa preocupação maior é com a vida. Sem a vida, os efeitos dessa catástrofe serão muito maiores”, afirma.

 Almeida reitera as ações da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e das federações de Agricultura de todo o país, em favor dos produtores rurais. “Destinamos R$ 5 milhões para auxiliar o Governo Federal no combate ao coronavírus; encaminhamos ao Ministério da Agricultura propostas de medidas relacionadas ao crédito rural e à tributação; o Ministério da Infraestrutura atendeu às nossas solicitações e adotou medidas para garantir o transporte de alimentos e insumos agropecuários”, exemplifica.

“Agora, a expectativa da CNA e das federações de Agricultura é de que o presidente Jair Bolsonaro sancione o Projeto de Lei 786/2020, que permite a distribuição de alimentos adquiridos pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) às famílias dos alunos da rede pública, que tiveram aulas suspensas”, destaca o presidente da Faeal. 


Domício Silva ressalta a importância do funcionamento de todos os elos da cadeia produtiva para garantir o abastecimento em tempos de quaretena
Domício Silva ressalta a importância do funcionamento de todos os elos da cadeia produtiva para garantir o abastecimento em tempos de quaretena - Foto: Divulgação
 

Álvaro Almeida afirma que setor produtivo segue unido na missão de levar comida a mesa dos alagoanos
Álvaro Almeida afirma que setor produtivo segue unido na missão de levar comida a mesa dos alagoanos - Foto: Divulgação
 

ACA

Segundo o presidente da Associação dos Criadores de Alagoas (ACA), Domício Silva, a agropecuária conta com algumas atividades que têm características próprias para que possam promover o abastecimento da população. 

“O agro não pode parar já que a produção de alimentos não pode ser interrompida. No caso do leite, por exemplo, vacas em lactação todos os dias são ordenhadas e é preciso receber comida e medicamentos, além de que a coleta seja feita com regularidade. Precisa-se dos transportadores e das indústrias para processar o leite. É preciso também do funcionamento da logística que o leite processado e os derivados cheguem até aos supermercados e ao consumidor”, afirmou.

De acordo com ele, todas as cadeias produtivas, como a da carne e dos hortifrúti também precisam estar funcionando. “Isso vale para todo o processo, desde os insumos até a produção e a indústria para que o alimento possa chegar até a mesa do consumidor. Todas estas cadeia produtivas têm uma complexidade muito grande. Não apenas as lojas de produtos agropecuárias precisam estar funcionando, mas também as de material de construção, elétrico e de peças que fazem as cadeias produtivas ativas. Por isso, lojas e industrias são necessárias, além da parte da logística com os caminhoneiros precisando ter a estrutura necessária para trabalhar”, afirmou. 

Domício Silva relatou ainda as dificuldades que o setor do agronegócio vem tendo com relação a consumo. “Principalmente, as pequenas indústrias que não têm onde estocar a produção. Mas algumas medidas vêm sendo tomadas com a flexibilização via Ministério da Agricultura em algumas cadeias produtivas. Mas é preciso ressaltar da necessidade de crédito de custeio para a manutenção de algumas destas atividades, além de créditos para investimentos já que estas cadeias produtivas sofrerão danos econômicos com a medidas sanitárias adotadas, mas que são de fundamental importância no combate a Covid 19”, destacou.

De acordo com a Associação Brasileira de Produtores de Leite (ABRALEITE), o Ministério da Agricultura autorizou excepcionalmente os estabelecimentos de Selo de Inspeção Federal (SIF) receberem leite de estabelecimentos de Selo de Inspeção Municipal (SIM) ou Selo de Inspeção Estadual (SIE), mesmo daqueles que não estão no Sistema Brasileiro de Inspeção (SISBI).

Esta medida foi para viabilizar que laticínios e cooperativas pequenas, que estão com dificuldades de vender produtos de curta validade, possam comercializar temporariamente para laticínios com SIF, que podem produzir lácteos com maior prazo de validade como leite UHT e leite em pó.


José Salgueiro destaca a importância do funcionamento de toda a cadeia produtiva do segmento agropecuário
José Salgueiro destaca a importância do funcionamento de toda a cadeia produtiva do segmento agropecuário - Foto: Divulgação
 

Ivanilson Araújo declara que setor precisa se manter otimista para que possa atravessa a crise provocada pela pandemia
Ivanilson Araújo declara que setor precisa se manter otimista para que possa atravessa a crise provocada pela pandemia - Foto: Divulgação
 

PRODUTOS

“Sabemos da crise de saúde que estamos passando devido essa pandemia do coronavírus. Estamos acompanhando atentamente as medidas governamentais, da Organização Mundial de Saúde e especialistas do setor. A nossa prioridade é a saúde humana, bem como de nossos colaboradores, clientes e parceiros comerciais. Porém, vale ressaltar que acreditamos que o setor do agronegócio no Brasil é de suma importância na cadeia produtiva de alimentos e seu desenvolvimento sustentável, por conta disso reestruturamos todos os departamentos conforme as legislações e recomendações sanitárias”, afirmou o coordenador de Marketing da Semear, loja de revenda de produtos agropecuários, Francisco Jatobá Neto.

De acordo com ele, a diretoria da empresa entendo que a crise de saúde por conta da Covid não pode ser transformada em algo pior. “É de responsabilidade de todos que compõe essa cadeia, a provisão de alimentos, rações, fibras e combustíveis para a sociedade”, reforçou.

Entre as medidas adotada pela empresa estão: reforço nas medidas de higienização e limpeza das instalações; práticas de segurança e distanciamento social; colaboradores de setores que permitem o trabalho remoto estão atualmente trabalhando em home office; adiamento de eventos e viagens nacionais; reuniões por videoconferência, além da disponibilização para municípios de equipamentos de pulverização para serem utilizados nas limpezas e desinfecções das ruas, praças e centros de saúde.

Para José Luiz Salgueiro, sócio da Terra Soluções Agrícolas, empresa que atua no ramo agropecuário, o segmento do agronegócio não pode esperar. “O clima não espera a época de plantio, a semente. Neste cadeia produtiva, tudo tem o seu momento certo. Então, a safra tem o período para ser iniciada e para ser feita a colheita. Fazemos parte dessa cadeia fornecendo insumos, sementes, adubos, maquinários. Nesse momento, precisamos estar unidos para produzir alimentos que são essenciais para enfrentar a crise que atravessamos com essa pandemia. Não adianta combater o vírus para no final faltar o alimento. Sem o plantio, não existe o grão nem a colheita, interrompendo o processo da cadeia produtiva como um todo”, declarou.   

Segundo o presidente do Grupo Santana, Ivanilson Araújo, a atividade agropecuária é responsável pela alimentação do mundo. “Por isso, não podemos parar. Estamos tomando as nossas precauções com os trabalhadores em campo seguindo as recomendações dos órgãos de saúde. Somos responsáveis por movimentar a economia local. O agronegócio tem que se movimentar para não parar os municípios. O que as pessoas irão fazer se não tiver alimentos? As áreas estão preparadas para o plantio. Sou uma pessoa otimista. Vivemos um momento sério”, alertou.

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